São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Delegacia decide se garota vai ficar detida

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NATAL

A adolescente V.R.S., 16, foi acusada ontem pela Polícia Civil de ter colaborado no assassinato das pelo menos 14 pessoas, em São Gonçalo de Amarante (RN).
A garota seria encaminhada ainda ontem à delegacia da Infância e Adolescência, que vai apurar a acusação e decidir se ela permanecerá ou não detida. A legislação admite uma pena máxima de três anos de reclusão para adolescentes infratores.
V.R.S. nega qualquer participação nos crimes, mas confirma que ficou em companhia do comerciante durante todo o período de 22 horas em que ele cometeu os assassinatos.
A adolescente disse que foi obrigada a permanecer com o comerciante e afirmou que não conseguiu fugir porque "ele mostrava a arma e só parava o carro para buscar os caras (suas vítimas)".
Segundo V.R.S., França a obrigou também a colocar balas nas armas usadas por ele nos crimes. "Qualquer um faria o que eu fiz", disse.
Boiola
A adolescente disse que conheceu o comerciante há um ano e que sabia que ele queria matar quem lhe "devia dinheiro" e o chamava de "boiola" (homossexual).
"Ele dizia que ia esperar o filho crescer e o cunhado pagar os R$ 5.000 que lhe devia para comprar munição e matar", afirmou a garota. "Não sei por que ele resolveu fazer isso naquele dia."
Quando França começou a matar, V.R.S. disse que ainda implorou para que não matasse mais pessoas. "Eu gritava: 'Neguinho, faz isso não"'.
A garota confirmou a versão de que o comerciante se matou -e não foi morto por policiais, como diz a versão oficial- ao ser encurralado num matagal.
"Ele pegou o revólver 38 e atirou no peito. Depois disse: 'Vai, vai, menina', e ficou lá, deitado."
O comerciante, afirmou V.R.S., pretendia matar mais pessoas, assim que anoitecesse.
Para passar o dia escondido no matagal, tinha comprado lanches e refrigerantes.
Segundo V.R.S., França era uma pessoa aparentemente "normal" antes de cometer os crimes. "Era simpático, mas fumava maconha."
(FG)

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