São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997
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PM EM CRISE

Os violentos e evidentes sinais de crise na segurança pública paulista, em particular no que concerne à PM, agora se manifestam no núcleo do grupo político que governa o Estado.
Em entrevista a esta Folha, o tenente-coronel PM aposentado José Vicente da Silva Filho, que participou da elaboração do programa de campanha tucano para a segurança e foi coordenador de Análise e Planejamento da Secretaria da Segurança Pública do governo, critica a conduta do secretário José Afonso da Silva e torna ainda mais clara a complacência do governo em relação aos históricos desmando e violência da PM.
Para o tenente-coronel da reserva, a corporação é simplesmente insubordinada e incontrolável. Em suas palavras, "segue seu próprio caminho". As declarações são graves.
De fato, o governador paulista parece estar agindo com tibieza na condução da política de segurança pública. Afinal, herdou a mesma PM responsável pelo massacre do Carandiru, na qual não fez grandes alterações. Foi impelido a trocar comandos com o caso Diadema, uma amostra exemplar e concentrada dos vícios da PM. Nele viu-se de tudo: tortura e assassinato, além de omissão, mentira e insubordinação por parte de oficiais. Foi ainda tolerante em relação à incompetência que redundou em mortes de três sem-teto na Fazenda da Juta. Mesmo nas poucas ações concretas que demandou, como a reestruturação do código disciplinar, pedida em 1995, foi solenemente ignorado pelos comandantes.
Quando um oficial, ainda que na reserva, admite que a tropa age como e quando quer, no que não foi desmentido, ao contrário até, pelo secretário da Segurança, fica claro que medidas radicais são necessárias.
É imperativo fazer com que os agentes responsáveis pela ordem obedeçam às diretrizes do governo. Sabe-se há muito que a corporação padece dos piores vícios. É, portanto, necessário fazer de tudo para combatê-los. A população paga por segurança e tem o direito de recebê-la.

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