São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Malan vê uma acomodação natural e descarta o freio

MARIA LUIZA ROLIM
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, descartou ontem, em Lisboa, a adoção de medidas para desacelerar a economia.
"Não achamos que a economia esteja superaquecida", disse. "Acreditamos que vai haver acomodação natural ao longo de 97."
Ele comparou a situação atual com a de dois anos atrás, para enfatizar que são dois momentos diferentes. Naquela época, depois da introdução do Real, a economia estava muito aquecida, avaliou. "Botamos o pé no freio e fomos à televisão explicar por que", disse.
Hoje, para ele, a situação é diferente. "Não temos mais a necessidade de botar o pé no freio."
Atividade industrial
Análise da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) com base nos balanços anuais das indústrias brasileiras revela que a rentabilidade média sobre o capital próprio foi de 4% em 1996.
Praticamente não houve alteração com relação a 1995, quando a rentabilidade média foi de 3,9%.
Por rentabilidade média o estudo da Fiesp considera a relação entre lucro líquido e patrimônio líquido. A análise levou em conta o balanço de 174 indústrias de grande porte. Segundo o diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Boris Tabacof, nos países de economia estável, a rentabilidade média sobre o capital próprio oscila entre 8% e 12%, o que seria desejável também para o Brasil.
A rentabilidade média de 4%, segundo ele, é baixa. "Menos que a remuneração da caderneta."
Na série histórica do estudo da Fiesp, entre 1988 e 1996, 1989 foi o ano em qual a rentabilidade sobre o capital próprio foi maior: 10,6%.
Segundo ele, a maior fragilidade das indústrias brasileiras é a dificuldade de acesso ao crédito.
Ainda de acordo com o estudo, a margem de lucro (lucro líquido em relação à receita operacional líquida) caiu de 4,2% para 3,8%
A maior margem de lucro obtida pelas indústrias na série histórica da Fiesp também foi em 1989: 8,7%. O estudo confirma 1991 como o pior ano para as indústrias brasileiras. A rentabilidade sobre o capital próprio foi negativa, em 3%, e a margem de lucro média também foi negativa, em 4,2%.
Com base nesses dados, o Departamento de Economia da Fiesp acredita que o PIB industrial em 97 deverá crescer no máximo 3%.

Colaborou a Reportagem Local

Texto Anterior: Inflação é de 0,32% na 3ª quadrissemana
Próximo Texto: PIB pode crescer até 4% neste ano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.