São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 1997
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EUA revela origem da sauvignon

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Dois cientistas da Universidade de Davis, Califórnia, acabam de descobrir a origem da uva cabernet sauvignon, um tema que tem intrigado durante longo tempo enófilos e pesquisadores.
Por meio da análise do DNA de 51 diferentes variedades (incluindo a própria cabernet sauvignon), Carole Meredith e John Bowers, dois especialistas em genética, conseguiram determinar que a cepa tinta, uma das mais renomadas do mundo, teria nascido do cruzamento de outra uva rubra (a cabernet franc) com a delicada variedade branca sauvignon blanc -surpreendentemente, dada a robusta estrutura dos seus vinhos.
O cruzamento deve ter-se dado de maneira espontânea entre videiras vizinhas, dado que não se tem notícia de viticultores realizando experiências do tipo antes daquela época.
Tintos de ponta
A cepa já era bastante cultivada nos terrenos bordaleses no século 17 e ganhou fama através dos anos pela fineza e longevidade que proporciona aos seus vinhos.
Ela alicerça hoje alguns dos melhores vinhos do mundo, como os "crus" da sua Bordeaux natal (uma elite em que militam pesos-pesados como o Château Mouton-Rotschild, Margaux ou Latour, e a maioria dos tintos de ponta californianos.
Curiosamente, os seus pais genéticos nunca alcançaram o mesmo fulgor. Na ala das uvas tintas a cabernet franc poucas vezes conseguiu destaque por si própria, sendo utilizada principalmente para dar corpo e estrutura a vinhos onde a merlot ou sua descendente, a cabernet sauvignon, desempenham o papel principal.
No departamento das variedades brancas a sauvignon blanc ocupa talvez um lugar melhor, dando forma a alguns belos varietais do novo mundo, mas ficando quase sempre à sombra da riesling e, principalmente, da chardonnay.
O trabalho realizado pela universidade é parte de um projeto que pretende identificar geneticamente variedades comercialmente importantes da Califórnia.
O próximo desafio da equipe será identificar a origem de outra uva tinta: a zinfandel.
Durante muito tempo se acreditou que a cepa -com a qual são produzidos tintos intensos, potentes e ricos em fruta- era nativa da América. Algumas pesquisas, porém, acharam laços entre ela e algumas variedades européias, como a primitivo da Itália.
Outros a imaginaram ligada a uvas nativas da Croácia. Com a entrada em cena dos detetives genéticos da Davis, a saga da zinfandel pode ser o próximo mistério vitícola a ter os seus dias contados.

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