São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997 |
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Feitos um para o outro
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Há um curso completo de política brasileira nas cenas explícitas de "carlismo" protagonizadas anteontem pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).Não pelos ataques ao senador Pedro Simon (PMDB-RS), embora este seja uma das raras figuras públicas que ainda merecem respeito. Até aí, foi apenas mais um lance de intolerância, deselegância e autoritarismo, características genéticas em ACM. O curso começa na definição do governo Itamar Franco como "governo do atraso". Se é assim, o hoje presidente Fernando Henrique Cardoso deveria ter sido chamado de "primeiro-ministro do atraso", posto que até minha neta de dois anos sabe que FHC foi o primeiro-ministro de fato do governo Itamar. Para completar o curso, vamos inverter a situação e ver o que pensa de verdade de ACM e sua turma o presidente Fernando Henrique. Pegue-se, só para facilitar, o "Mãos à Obra", folheto básico da campanha presidencial de 1994. Nele, está escrito com todas as letras que o país vivia, até o "governo do atraso" de Itamar Franco, a mais grave crise de sua história. Ora, quem conduziu o país ao beco escuro só pode ter sido quem esteve no poder até então, ou seja, a turma de ACM, incluindo o próprio, que participou de e/ou apoiou todos os governos do período autoritário, o governo José Sarney e, ainda por cima, ficou com Fernando Collor até o último suspiro. Nunca é demais lembrar que foi Luís Eduardo Magalhães quem fez o discurso contra o impeachment, na sessão da Câmara que terminou com a profilática decisão de afastar o então presidente. Sabemos, agora, o que ACM pensa de fato de FHC, mas não diz, por conveniência, e o que FHC pensa de ACM e sua gente, mas cala, também por conveniência. Deixo ao leitor escolher o nome a dar a esse tipo de comportamento de parte a parte. Texto Anterior: ARTIFÍCIO ARGENTINO Próximo Texto: Fantoches da futilidade Índice |
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