São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Juiz exime Rosane de 'contas fantasmas'

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ex-primeira-dama Rosane Collor, 32, depôs ontem em ação penal que apura denúncia de superfaturamento na compra de leite em pó, em 1991, mas não precisou responder a perguntas sobre a acusação de movimentação de recursos em "contas fantasmas".
Em 20 minutos de depoimento, tomado pelo juiz Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal do DF (Distrito Federal), Rosane Malta Collor de Mello disse que a denúncia era falsa.
O ex-presidente Fernando Collor, que também está em Brasília, não acompanhou a mulher no interrogatório. O julgamento deve demorar cerca de oito meses.
Rosane é acusada, pela Procuradoria da República no DF, de peculato (desvio de dinheiro público no exercício da presidência da Legião Brasileira de Assistência), corrupção passiva e fraude em concorrência pública.
O juiz Reis Bastos não fez perguntas sobre a movimentação de recursos por meio de "contas fantasmas", embora o Ministério Público afirme que esse fato comprovaria o "dolo" (intenção do crime) por parte de Rosane Collor.
Segundo o juiz, a questão das "contas fantasmas" só envolveria os outros cinco réus. São eles Luiz Carlos Garcia Coelho, apontado como intermediário do negócio entre indústrias de laticínios e o governo, o pai e um auxiliar de Coelho e dois diretores da CCPL (Cooperativa Central de Produtores de Leite).
A ação apura a compra, sem licitação, de 1,6 mil toneladas de leite em pó. O valor pago, de R$ 11,50 o quilo (em valores atuais aproximados), seria três vezes maior do que o preço de mercado.
Rosane Collor afirmou que a compra foi aprovada pela diretoria da LBA e que não se lembrava de ter havido parecer contrário.
Segundo o Ministério Público, a CCPL, supostamente beneficiada na compra superfaturada, depositou R$ 570 mil (valor atual aproximado) em "contas fantasmas" abertas por Luiz Carlos Garcia Coelho.
Pelo menos parte do dinheiro teria sido transferida para contas dos "fantasmas" José Carlos Bonfim e Flávio Maurício Ramos, que integravam o esquema PC. Dessas contas, teria havido depósitos em favor de Rosane.
Segundo o Ministério Público, Luiz Carlos Coelho, o intermediário da negociação, recebeu os recursos de indústrias de laticínios em conta corrente de empresa aberta por ele.
A empresa -Ventare Assessoria Comercial e Representações- pertenceria a dois sócios inexistentes, um deles chamado Walter Walker, o mesmo nome de um personagem que encarna o Fantasma, herói de história em quadrinhos.

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