São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tensão pré-menstrual não existe, diz estudo

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Uma pesquisa realizada por cientistas australianos sugere que a tensão pré-menstrual (TPM) não existe enquanto distúrbio fisiológico, isto é, ela não estaria ligada ao ciclo menstrual.
Os resultados do estudo, feito por psicólogos da Universidade de Tecnologia Swinburne, em Victoria, mostram que há ciclos aleatórios de irritabilidade e depressão tanto em mulheres quanto em homens.
Quando acontecem 14 dias antes da menstruação, seriam, segundo o estudo, "convenientemente" chamados de TPM.
Os pesquisadores acreditam que a TPM tenha origem exclusivamente psicológica. "Se você é homem e está com raiva, triste ou dolorido, você diz que é estresse ou doença. Se você é mulher e está com raiva, triste ou deprimida, você diz que tem TPM", disse Elizabeth Hardie, autora do estudo.
Psicólogos monitoraram mulheres que afirmavam sofrer de TPM e descobriram que sua saúde e desempenho profissional não variavam conforme a proximidade do período menstrual.
Dois outros grupos estudados, de mulheres que não sofriam da síndrome e homens, também eram susceptíveis a mudanças de humor e dificuldades no trabalho. "É hora de acabar com esse mito", diz o relatório da pesquisa.
O estudo foi aprofundado pelo monitoramento do comportamento de cem mulheres durante dez semanas. Segundo a pesquisadora, a conclusão foi confirmada.
Cautela
A médica que criou o termo tensão pré-menstrual, Katharina Dalton, disse ontem que o estudo australiano está parcialmente correto.
"É absolutamente correto que muitas mulheres usem a TPM como uma desculpa, mas isso não significa que ela não exista."
Dalton já testemunhou em cerca de 50 julgamentos de mulheres que teriam cometido crimes por causa de alterações em sua saúde física e psicológica causadas pela TPM. Segundo a médica, a síndrome é causada pela "inabilidade" de o corpo usar corretamente o hormônio progesterona.
As pessoas que sofrem da TPM têm excesso de adrenalina, o que as torna tensas e irritadiças.
Podem ter também dores de cabeça, epilepsia, problemas de pele e variações súbitas de humor.
Dalton disse que 30% das mulheres têm TPM em um nível que causa incômodos físicos e as inibe socialmente, e 10% precisam de tratamento. Para curar o problema, é administrada progesterona, a dieta é alterada.
Estima-se que as ausências ao trabalho justificadas pela tensão pré-menstrual tenham um custo de anual de US$ 5 bilhões em todo o mundo.

Texto Anterior: Prostituição serve a árabes
Próximo Texto: Clinton quer proibir clonagem humana
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.