São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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FHC vai proibir desapropriação das áreas agrícolas invadidas

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso vai assinar nos próximos dias um decreto proibindo que propriedades agrícolas invadidas sejam vistoriadas para a reforma agrária.
Com a medida, o governo espera reverter a perda de iniciativa nas ações da política de reforma agrária para o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Hoje, o governo procura desapropriar áreas invadidas, ou seja, corre atrás daquelas eleitas pelos sem-terra como prioritárias.
Agora, o governo passará a eleger quais áreas deverão ser usadas para reforma agrária.
Essa medida foi motivada pelo que o governo chamou de "corrupção de informações" no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Grupos de sem-terra estariam recebendo, antecipadamente, informações de possíveis fazendas a serem desapropriadas, levando o movimento a invadir a área antes mesmo de ela ser avaliada.
O governo vai propor ainda uma parceria aos sem-terra: eles indicariam áreas para desapropriação, mas só teriam acesso à propriedade se não houvesse invasões.
A Folha apurou que o decreto trará outras três medidas que atingirão os proprietários de terras.
Ficará proibida a divisão de propriedades após vistoria dos técnicos do Incra. Para fugir à desapropriação, é comum o dono dividir a terra em lotes inferiores a 500 hectares -que não podem ser desapropriados para a reforma agrária- e registrá-los no cartório em nome de parentes e amigos.
Devem ainda ser reduzidos os juros que o governo paga sobre as dívidas da desapropriação.
Um terceiro ponto vai aumentar de dois para quatro anos o prazo para o ingresso de ações rescisórias contra sentenças judiciais que estabelecem superindenizações.

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