São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Motta ataca adversários

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, chamou ontem de "inimigos do povo" os parlamentares que estão votando contra as reformas em tramitação no Congresso. O ministro disse que o governo vai explorar essa oposição às reformas na campanha eleitoral do ano que vem.
"A responsabilidade da não-aprovação será daqueles que votarem contra. Eles terão de responder perante o povo. Vamos ver na eleição do ano que vem o que vai acontecer. Porque nós vamos explorar isso. Quem vota contra são os inimigos do povo", disse o ministro depois de se reunir com os principais líderes tucanos em um restaurante de Brasília.
Anteontem, o governo foi derrotado em uma das votações da reforma administrativa -a primeira depois que o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) assumiu o comando político dos governistas na Câmara.
A oposição retirou da reforma administrativa o dispositivo que permitia a fixação de limites salariais inferiores ao teto federal -o subteto. O teto federal é de R$ 12,720 mil.
Na mesma sessão, os deputados aprovaram a emenda que obriga o governo federal a pagar os salários dos ex-servidores dos ex-Territórios de Roraima e Amapá, que atualmente prestam serviço nos governos desses Estados.
A União gastará R$ 22 milhões para manter 10.600 funcionários, sendo 6.000 do Amapá e 4.600 de Roraima.
Na posse dos novos ministros da Justiça (Iris Rezende) e dos Transportes (Eliseu Padilha), no dia 22 de maio, o próprio presidente Fernando Henrique responsabilizou o Congresso pelo destino das reformas.
Discurso
"A história cobrará daqueles que, por sectarismo político ou por açodamento em desistir da luta, vierem a impedir que as reformas prossigam. O futuro do país, nesse aspecto, está nas mãos do Congresso e dos partidos que compõem a maioria no Congresso", disse FHC em um discurso no Planalto.
No encontro com Motta, os tucanos discutiram também como deve ser a campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. "O PSDB quer o governo reformista e cada vez mais empreendedor na área social", disse o líder do partido na Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG).
Para a campanha de 98, os tucanos estão propondo uma reavaliação do programa "Mãos à Obra", que orientou a campanha de 94.
Segundo Aécio, o dinheiro para a área social deve vir das privatizações -nos moldes do que foi feito com a privatização da Vale do Rio Doce. Os tucanos querem que o governo invista na área social parte do dinheiro obtido com a venda das empresas dos setores elétrico e das telecomunicações.
Metade do dinheiro da Vale, cerca de R$ 1,6 bilhão, foi para um fundo administrado pelo BNDES e será investido em infra-estrutura e financiamento do setor produtivo privado.

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