São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Oposição lançará candidato único em 98

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O bloco das oposições (PT, PDT, PSB e PC do B) decidiu ontem lançar uma candidatura única em 1998 para enfrentar o presidente Fernando Henrique Cardoso, que pretende disputar a reeleição.
A decisão foi tomada em uma reunião do bloco que contou com a participação do presidente de honra do PDT, Leonel Brizola, do líder petista Luiz Inácio Lula da Silva, e dos presidentes do PSB, governador Miguel Arraes (PE), e do PC do B, João Amazonas.
O bloco da oposição decidiu também que vai se reunir semanalmente em Brasília e lutar pela instalação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o escândalo da compra de votos de deputados federais a favor da emenda da reeleição.
União
Leonel Brizola disse que somente a união das oposições irá inviabilizar a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. "A união das oposições nunca aconteceu antes porque as coisas têm o seu momento", disse Brizola.
"Não há ninguém entre nós que possa atirar a primeira pedra. Todos nós pecamos", declarou Brizola, que disputou a Presidência em 1989 e 1994.
Lula afirmou que é necessário começar a trabalhar por uma candidatura única antes que os partidos lancem candidaturas próprias.
Ele afirmou que já teve sua candidatura lançada três vezes. Anteontem, em São Paulo, Lula disse que discutirá "com carinho" sua terceira candidatura à Presidência: "Eu disse que não seria candidato, mas eles que não me provoquem. Fernando Henrique Cardoso não vai ter a moleza que teve em 1994".
Lula defendeu a união das oposições também nas disputas estaduais. "Se essa união não acontecer agora, depois vamos ficar chorando e dizendo novamente que as oposições têm de se unir", disse ele, que também já disputou a Presidência em 1989 e 1994.
Desagravo
Ao elogiar a união das oposições, o ex-governador do Rio aproveitou para fazer um desagravo contra as acusações de que prefeituras do PT teriam favorecido a empresa Cpem porque Lula mora na casa de um advogado supostamente beneficiado. "Eu nunca vi neste país alguém condenado por não ter casa", disse Brizola.
Na defesa de Lula, Brizola deu o tom das acusações que deverão ser feitas contra Fernando Henrique Cardoso nas próximas eleições.
O ex-governador recomendou que o Congresso passe a investigar Paulo Henrique Cardoso, filho de FHC, porque ele seria assessor do empresário Benjamim Steinbruch, um dos responsáveis pela compra da Companhia Vale do Rio Doce.
O mesmo tipo de investigação Brizola pediu em relação ao Proer (programa de socorro aos bancos) porque teria sido criado para favorecer o Banco Nacional, de cuja diretoria participava Ana Lúcia Magalhães Pinto, nora do presidente.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse ontem que tais "afirmações carecem de fundamento". Segundo Amaral, no caso do Proer, a família da nora do presidente não foi favorecida, mas prejudicada, "porque eles tiveram seus bens bloqueados".
No caso da Vale, "o governo não favoreceu ninguém. O governo fez um leilão público, aberto, sem nenhuma interferência externa".

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