São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Jornalista da Folha depõe sobre gravações que revelaram caso

Relator insiste em saber identidade do "Senhor X"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Nelson Otoch (PSDB-CE), relator do processo de cassação dos deputados acusados de ter recebido dinheiro para apoiar a reeleição, insiste em saber a identidade do "Senhor X" -o autor das gravações que revelaram o esquema de compra de votos.
Ontem, no depoimento do jornalista Fernando Rodrigues, autor da série de reportagens publicadas pela Folha, Otoch fez várias perguntas que poderiam levar à identificação do "Senhor X".
O relator perguntou os locais onde foram feitas as gravações, as datas e a situação em que ocorreram as conversas.
O jornalista manteve o compromisso assumido com o "Senhor X" de que seu nome seria preservado. "Ele se dispôs a fazer as gravações com a condição de que não apareceria", disse. A Constituição assegura o sigilo da fonte.
Para Otoch, a identificação do "Senhor X" é fundamental para a investigação que está sendo feita pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. "Eu preciso saber em que circunstâncias ele fez as gravações", afirmou.
Otoch perguntou ao jornalista se ele sabia os motivos que levaram o "Senhor X" a fazer as gravações. "Foi vingança, interesse político ou amor ao bem público?", questionou. "Não sei", respondeu Fernando.
O relator disse que espera que a Folha envie à CCJ cópia das fitas com os diálogos nos quais pode ser identificada a voz do "Senhor X".
Segundo o presidente da CCJ, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ofício com esse pedido foi enviado anteontem à direção do jornal.
Os ex-deputados acreanos Ronivon Santiago e João Maia, expulsos do PFL, que dizem nas gravações ter vendido o voto, não foram prestar depoimento. A ausência dos dois reforçou a proposta de criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da reeleição.
"Esses depoimentos são essenciais, e a CCJ não tem poderes para trazê-los. Temos que criar a CPI", disse o deputado José Genoino (PT-SP).

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