São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Ponte tem defeito de construção, diz especialista

DA REPORTAGEM LOCAL

A ponte dos Remédios tem um defeito original de construção no ponto em que apareceu a fissura que causou a interdição da obra.
A afirmação é do professor da USP Paulo Helene, 47, engenheiro especializado em patologia e terapia de estruturas de concreto.
O defeito original é considerado "de importância" pelo professor, que visitou a ponte "por interesse científico e acadêmico" de quinta-feira a domingo da semana passada.
Mas poderia ter sido resolvido se houvesse alguma manutenção na estrutura. Ontem, a Folha noticiou que a ponte dos Remédios nunca recebeu manutenção desde que foi construída, em 1967.
Pelo menos três defeitos de construção foram detectados por Helene em suas vistorias informais à ponte. "A escolha do local da junta de concretagem, sobre o pilar, foi infeliz. A junta foi feita verticalmente e não recebeu tratamento adequado."
Mas Helene não atribui a responsabilidade pela situação da ponte somente à construção. "Naquela época, não se conhecia bem as consequências de falha assim."
Custo e benefício
O professor vê com apreensão a disposição da prefeitura em recuperar a ponte dos Remédios. Para ele, a recuperação é uma obra "complicada e dificílima", pelo estado em que está a estrutura.
Para evitar gastos desnecessários, Helene propõe um estudo da viabilidade econômica das duas obras.
A favor da demolição da ponte atual e da construção de uma ponte nova, ele argumenta que o projeto atual tem vários "vícios" que poderiam ser evitados em uma ponte nova.
"O projeto da estrutura e do sistema viário em torno é antigo. As alças de acesso, por exemplo, têm 90 graus, o que dificulta o trânsito, causando lentidão. E as passagens para pedestres, muito utilizadas ali, não têm gradis de proteção."
As duas obras acarretariam gastos semelhantes, de R$ 5 milhões, segundo ele, somada aí a demolição em caso de uma ponte nova.
O argumento contra a proposta é o tempo necessário para demolir a ponte atual e construir uma nova.
Helene diz que uma das mãos da ponte dos Remédios, que não tem problemas na estrutura, pode ser transformada em uma ponte de duas mãos enquanto a nova obra não fica pronta.
Comissão na Câmara
José Carlos Rodrigues, diretor do DER, e Eduardo Horta, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) participaram ontem de sessão na comissão de Política Urbana da Câmara Municipal.
Ambos deram explicações técnicas sobre o acidente ocorrido na ponte dos Remédios.
Rodrigues disse à Folha que, para prefeitura e Estado, "a grande dúvida agora em relação à ponte é saber se é viável -financeiramente- tentar recuperá-la ou construir outra ponte. "Isso só saberemos depois do laudo, que sai amanhã (hoje)".

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