São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997
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Falta de vaga solta 250 mil infratores

DANIELA FALCÃO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO

Há pelo menos 250 mil mandados de prisão que não são cumpridos no Brasil porque não há lugar onde colocar os presos.
A falta de vagas nas penitenciárias faz com que os distritos policiais fiquem lotados, muitas vezes com presos já condenados. Hoje existe um déficit de 72 mil vagas nos presídios brasileiros. O número total de presos é de 148,7 mil.
São Paulo é o Estado que apresenta o maior déficit: faltam 32,3 mil vagas nos presídios do Estado.
Na hora de escolher quais mandados serão expedidos, a Polícia Civil prioriza os crimes violentos, roubos a mão armada e tráfico de entorpecentes.
Pensão alimentícia
A maioria dos mandados que não foram expedidos se referem ao não-pagamento de pensão alimentícia, furto e estelionato.
Só no Rio de Janeiro, 50 mil mandados deixaram de ser expedidos por causa do déficit de vagas. Há 7.600 presos em distritos policiais do Rio. Desses, 1.400 já foram julgados e não poderiam estar nos distritos policiais.
Em São Paulo, a situação ainda é pior: há 30 mil presos nos distritos e nos cadeiões aguardando vaga em presídios.
Só há dois Estados no Brasil em que não há presos com a polícia (nos DPs ou em cadeiões): Pernambuco e Rio Grande do Sul.
Isso não significa que não haja déficit de vagas nas penitenciárias desses Estados. A maioria delas está com o dobro de presos do que deveria abrigar. O déficit tanto em Pernambuco quanto no Rio Grande do Sul é de aproximadamente 2.000 vagas.
"É um absurdo que só esses dois Estados não tenham presos em delegacias. Devemos estabelecer como meta colocar o mais rápido possível os presos em penitenciárias apropriadas para que eles desenvolvam algum trabalho de reabilitação", disse Paulo Tonet Camargo, presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
Mulheres
O conselho está reunido no Rio para definir as novas diretrizes da política penitenciária brasileira para 97. Além do incentivo ao uso de penas alternativas, o conselho vai desenvolver um trabalho especial com as mulheres de presos.
O objetivo é garantir que sejam cumpridas as regras mínimas para tratamento de reclusos estabelecidas pelas Nações Unidas em 95 e a Lei de Execução Penal promulgada em 84.
Todas as penitenciárias terão de oferecer espaço privativo para as visitas íntimas entre os detentos e suas companheiras. As penitenciárias também ficarão encarregadas de fornecer orientação sobre o risco de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e Aids.

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