São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997 |
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Dobra número de gangues em Belém
ESTANISLAU MARIA
Segundo a Secretaria da Segurança do Pará, atualmente existem 182 gangues na cidade, mais que o dobro das 78 registradas em 1995. A situação obrigou a secretaria a tomar medidas para diminuir o número de ocorrências. As confusões ocorrem em sua maioria em portas de casas noturnas e bares e envolvem tráfico e consumo de drogas, espancamentos em pontos de ônibus e, em média, um homicídio por semana. A maioria das gangues é formada por adolescentes de 15 a 17 anos, mas já foram encontrados nessas turmas até meninos de 10 anos. A ação das gangues se torna mais intensa nos fins-de-semana. Há 15 dias, uma blitz que reuniu 300 PMs e 100 policiais civis deteve 160 menores. O temor da polícia é a chegada das festas juninas, quando se multiplicam arraiais de rua em Belém, e, consequentemente, a ação violenta de gangues. "Continuamos de prontidão nos fins-de-semana, mas não faremos mais grandes operações anunciadas. Vamos agir de surpresa", disse o delegado Bertolino Oliveira Neto. Segundo o delegado, a polícia, depois de levantar o nome, localização e número de gangues, pretende agora localizar e prender os líderes, cuja maioria tem mais de 18 anos e está ligada ao tráfico de drogas. Quatro divisões da Polícia Civil participam da operação contra gangues, entre elas a de atendimento ao adolescente e a de entorpecentes. Para o delegado Oliveira Neto, o tráfico de drogas é o principal fator dessa nova escalada das gangues, cujo vandalismo parecia controlado há dois anos. Pelo levantamento da secretaria, as gangues se espalham por toda Belém e região metropolitana, sobretudo na periferia. As 182 gangues listadas são acusadas de desordem e 40 delas, de homicídio. Segundo a polícia, os casos mais graves recentes foram grandes brigas em frente ao estádio Mangueirão e as mortes de um gari, por espancamento, e de uma menina de 16 anos, atirada de cima de uma passarela na avenida Almirante Barroso, uma das principais da cidade de Belém. Dados da Promotoria da Infância e da Juventude apontam que 11% dos 919 menores infratores atendidos em 1995 eram ligados a gangues. Quase a totalidade dos supostos integrantes de gangues procurados pela Agência Folha negaram a participação. Tão perigoso quanto denunciar a gangue é tentar sair dela. "Os líderes e os que ficam pressionam, ameaçam a família, infernizam a vida daqueles que querem sair", disse a assistente social do Juizado da Infância e Adolescência, Liana Carvalho. Além disso, há os bandos rivais, para os quais integrante ou "ex" será sempre inimigo. Estando sozinho e identificado, será vítima de espancamento. Texto Anterior: Adolescentes têm ocupação Próximo Texto: Pais serão responsabilizados Índice |
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