São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 1997 |
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Herói 'fugia para a frente'
HAROLDO CERAVOLO SEREZA
Sonhou com a industrialização da ilha, planejou um crescimento anual de 15%, meta que, depois, ele próprio considerou ridícula. Disseminou o foquismo, a tese de que um foco guerrilheiro poderia iniciar uma revolução -funcionou em Cuba, mas não na Bolívia. Não se resignou em ser um burocrata cubano, numa Cuba que não era pequena: quando os soviéticos tiraram os mísseis nucleares da ilha (1962), os cubanos gritavam em coro: "Nikita, mariquita, lo que no se da, no se quita" -um slogan sobre o dirigente soviético de plantão (Nikita Kruschov) que dispensa interpretação e tradução. Com razão, Castañeda diz que Che fugia para a frente: quando não tinha como vencer uma situação, buscava um obstáculo ainda mais difícil. Se o personagem ajuda, o período não deixa por menos: Che morreu em 9 de outubro de 1967, a tempo de ter seu rosto estampado nos cartazes dos estudantes das manifestações de 1968. E é esse contexto que torna maior a biografia de Castañeda -uma época tão ou mais interessante que o personagem. (HCS) Livro: Che Guevara - A Vida em Vermelho Autor: Jorge Castañeda Editora: Companhia das Letras Preço: R$ 35 (536 págs.) Texto Anterior: "Che é o símbolo dos 60", diz Castañeda Próximo Texto: Corpo se forma e se deforma nas artes de "Babel" Índice |
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