São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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O império vai ao ataque

CLÓVIS ROSSI

Denver (EUA) - Em 1990, quando os Estados Unidos foram, pela última vez, anfitriões da habitual cúpula do G-7 (o clube dos sete países mais ricos do mundo), a situação era paradoxal: o capitalismo havia recém-derrotado o comunismo (o Muro de Berlim caiu no final de 1989), mas a maior economia capitalista, a dos EUA, andava mal das pernas.
Sete anos depois, os EUA voltam a receber os líderes do G-7 e a situação mudou tanto que os norte-americanos parecem dispostos a cantar vitória também no pós-Guerra Fria. Ou seja, a demonstrar que o seu modelo, ultraliberal e ultraflexível, é melhor do que o europeu e o japonês, com elevada proteção social e alto nível de regulamentações.
Diz, por exemplo, David Lipton, secretário-assistente para Assuntos Internacionais do Departamento do Tesouro:
"Hoje, os EUA têm as melhores condições econômicas em uma geração e a melhor do mundo industrializado. Por isso, uma vez mais, nossos parceiros olham para nós em busca de liderança, que esperamos fornecer em Denver".
Os números macroeconômicos lhe dão razão: a inflação é a mais baixa em uma década, o crescimento econômico já dura sete anos consecutivos e o desemprego (4,8%) é o menor em 24 anos.
Tudo muito bom, tudo muito bem, não fosse a advertência de Robert Reich, com a autoridade de quem foi secretário do Trabalho no primeiro mandato de Clinton:
"Ainda há milhões de pessoas tentando desesperadamente manter-se à tona. Uma de cada cinco crianças vive na pobreza. 44 milhões de americanos não têm seguro-saúde. Os americanos estão segregados pela renda como nunca antes".
É, pois, cedo ainda para cantar vitória na batalha de modelos pós-Guerra Fria, mas o tema exige um detalhamento que só será possível fazer na edição de domingo.

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