São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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O fantasma da rua Zuquim

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Orestes Quércia, quem diria, está de volta para assombrar FHC e Mário Covas.
Ele vai se reunir com os deputados federais do PMDB paulista, no dia 23, às 15h, na rua dr. Zuquim, 87, bairro de Santana. Os aliados do Planalto foram convidados. Para surpresa geral, vão comparecer.
Destaque para Alberto Goldman e Aloysio Nunes Ferreira, símbolos da dissidência quercista. Eles já foram unha e carne com Quércia. Depois, romperam. E romperam feio.
O ex-governador sofreu sucessivas denúncias de corrupção, amargou um quarto lugar vexaminoso na eleição presidencial de 94 e partiu na contramão contra Fernando Henrique, um presidente que chegou a 70% de popularidade. Quando olhou em volta, estava sozinho.
Agora, a coisa muda um pouco de figura. As eleições de 98 vêm aí e Quércia não é mais o único náufrago nesse mar revolto.
Senão, vejamos. O ministro Luiz Carlos Santos caiu em desuso. Michel Temer é um dos mais inexpressivos presidentes da Câmara dos últimos tempos. Aloysio foi o marido traído na reforma ministerial. Goldman agarrou a relatoria da lei das teles, mas essa bóia salva-vidas já passou.
Eles chegaram tão perto do governo FHC que, por pouco, não se confundiram com o PSDB. Só que morreram na praia. Deixaram Quércia para trás e não chegaram em segurança até FHC.
Pelo sim, pelo não, deram uma olhadinha no horizonte eleitoral de 98 e decidiram reabrir o diálogo com o velho Quércia de sempre. Ruim com ele, pior sem ele.
Quem está definitivamente fora da articulação é Luiz Carlos Santos, que fica tricotando no Planalto enquanto namora o PFL. A briga entre ele e Quércia resvalou no pessoal. Tem até processo correndo na Justiça. A reaproximação seria quase imoral.
O que resta do PMDB paulista vai ter que rebolar para encontrar um discurso. Para Quércia, FHC é o demônio. Para Aloysio e Goldman era o oposto. Como é que vai caber todo mundo no mesmo palanque? Isso pode virar um verdadeiro inferno.

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