São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 1997
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Verão social

LUIZ CAVERSAN

Paris - A Europa, particularmente a França, vive seus últimos momentos de primavera preparando-se para um verão que traz no horizonte uma certeza e uma promessa.
A certeza é a de que o calor será muito, tendo em vista o que já esquentou no que deveria ter sido uma aprazível primavera.
A expectativa refere-se ao que os mandachuvas do velho continente acordaram na recém-encerrada reunião de Amsterdã, durante a qual decidiu-se que a Europa deverá, sim, preocupar-se com os seus cidadãos, garantindo-lhes meios de sobrevivência, e não apenas pensar na união a qualquer custo.
A chamada Europa social delineou-se com mais firmeza, afastando, pelo menos por enquanto, o perigo -para as pessoas comuns- da predominância da mentalidade monetarista, que exigia todo tipo de sacrifício em nome da moeda única e das adaptações necessárias ao cumprimento do tratado de Maastrich, que estabelece os critérios da união européia.
A reunião de Amsterdã terminou com pelo menos a inclusão do termo "social" ao lado do "econômico" no ideário predominante.
E a disposição manifesta de se criarem mecanismos para a geração de empregos no continente, paralelamente à inclusão de um princípio de não-discriminação para a ocupação dos postos de trabalho.
Tudo isso é difícil de ocorrer, pelo menos sem uma feroz resistência francesa, cujo primeiro-ministro é um dos próceres dessas idéias.
O maior medo do cidadão médio europeu hoje é o desemprego e, por decorrência, o fim da aposentadoria.
Sem trabalho não há como financiar os aposentados. A união da Europa, da maneira como vinha sendo conduzida, estimulava esse temor.
Agora, junto com o verão que aqui chega amanhã, surge a esperança de um futuro menos incerto.

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