São Paulo, domingo, 22 de junho de 1997
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Analista fazia ritual de limpeza

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um medo irracional de contaminação por doenças como Aids e raiva levava a analista de sistemas C.M., 29, a praticar intermináveis rituais de limpeza. Eram banhos de mais de duas horas e lavagens repetidas das mãos.
"Ficava até com feridas, mas não conseguia parar de me lavar. Minha vida ficou tão perturbada que nem saía mais de casa." Os sintomas de TOC começaram quando C.M. estava com 20 anos. "A gente sabe que não está louca, mas acaba fazendo coisas que não podem ser vistas como normais."
Deprimida, muito magra e sem muitas esperanças, C.M. passou por uma série de médicos -sem resultados satisfatórios- até chegar ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
"Lá me colocaram, por seis meses, em um grupo de estudos com uma droga nova. Acho que recebi o placebo (pílula sem efeito) e não a droga de verdade, porque não melhorei nada."
Depois de seis meses, a analista começou a ser tratada com medicamentos clássicos e com técnicas de terapia comportamental. Alguns dos exercícios incluíam colocar a mão em gatos e em latas de lixo. "O pior é que depois eu não podia nem lavar as mãos", afirma.
"Melhorei muito, a ponto de ficar sem nenhum remédio. Depois, tive algumas recaídas. Hoje, tenho que tomar uma medicação e trabalhar semanalmente as técnicas de terapia comportamental. Mas o esforço vale a pena. Estou me sentindo bem", conclui.
(JB).

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