São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997
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Amazonino agora diz que defendeu Costa

Planejamento nega influência de governador

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Amazonino Mendes (PFL-AM) surpreendeu ontem o governo federal ao dizer que pediu a permanência de Mauro Ricardo Machado Costa à frente da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).
"Na quarta-feira à noite, após três horas de conversa com Costa, o governador ligou para o ministro Antonio Kandir para pedir sua permanência na Suframa", disse o secretário de Comunicação de Amazonino, Ronaldo Trindade.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Planejamento, a decisão de manter Costa foi só de Kandir, após conversa com Fernando Henrique Cardoso.
Trindade diz que o ministro tinha "até escolhido um sucessor". A assessoria de Kandir classificou a afirmação como "absurda".
A conversa ocorreu na casa de Amazonino, em forma de convite informal, não de audiência.
O convite veio após Costa enviar uma nota oficial para os jornais do Amazonas -que foi publicada no dia seguinte. Amazonino tomou conhecimento do teor do texto e chamou o superintendente.
A nota falava em aprimoramento do diálogo entre Suframa e governo estadual. Mauro Costa, que não quis dar entrevistas ontem, disse a amigos que a idéia era apenas "pacificar" a relação.
Crise
Essa pacificação fez parte da operação para abafar o caso Suframa. Desde que FHC disse que Costa estava fora, aliados históricos do presidente começaram a atacar o governo federal por enxergar uma vitória política de Amazonino.
Isso levou líderes como o secretário-geral do PSDB, Arthur Virgílio, a atacar o presidente.
Amazonino é apontado como um dos "compradores" nas fitas que denunciam um mercado de votos para aprovar a emenda que permite a reeleição. Ele nega.
Até ontem, o governador era o principal defensor da saída de Costa, tendo pressionado o Palácio do Planalto para indicar seu sucessor.
Isso porque Costa promoveu reformas que tiraram o poder político do Estado na Suframa.
No processo, cortou privilégios que, segundo o Planejamento, favoreciam políticos amazonenses. Demitiu parentes de Amazonino.
Segundo seu secretário Trindade, o fato de defender Costa desmente seu interesse no órgão. "O importante é termos um superintendente em sintonia com o Estado. Enquanto houver diálogo, nós apoiamos Costa", disse.
Nota
A Folha apurou que Costa recebeu diversos telefonemas de tucanos do Amazonas ontem.
Eles visavam reduzir sua irritação com o governo federal devido à nota oficial na qual o Planejamento o manteve no cargo.
A nota falava em uma nova orientação na Suframa: "menos conversa, mais trabalho". Deputados que acompanham o caso ainda temem que Costa peça demissão, mas até a noite de ontem não havia decisão sobre isso.
Os termos da nota foram ditados pelo ministro Antonio Kandir, embora ele não a tenha assinado.

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