São Paulo, sábado, 5 de julho de 1997
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Mexicanos temem fraude eleitoral amanhã

Pesquisas apontam vitória da oposição

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

As reformas eleitorais aprovadas no México em 1996 -e que serão testadas nas eleições de amanhã- ainda não conseguiram fazer os eleitores do país esquecer o histórico de fraudes que cerca as votações mexicanas.
Isso é o que mostram pesquisas divulgadas ontem na capital mexicana, segundo as quais cerca de 60% do eleitorado pretende votar contra o PRI, o partido do governo, mas 70% acham que ele sairá como o grande vitorioso.
"Confiança do eleitorado é coisa que se constrói lentamente. A eleição será o primeiro passo para mostrarmos que estamos entrando em uma nova era", disse José Woldenberg, representando o Instituto Federal Eleitoral (IFE).
O próprio IFE é um fruto das reformas. Trata-se de um órgão independente do governo federal, a quem cabe o gerenciamento de todo o processo.
Para o presidente Ernesto Zedillo, as eleições municipais e legislativas de amanhã marcarão uma nova etapa na vida política do país.
Ele prometeu à população absoluta transparência no processo eleitoral. "A reforma na legislação de 96 impõe condições de igualdade entre os partidos jamais vista na história do México", disse Zedillo.
Em agosto de 1996, com a finalidade de dar legitimidade ao processo eleitoral, o México aprovou um pacote de medidas. Uma das mudanças foi no financiamento das campanhas. Os partidos hoje recebem recursos públicos, 30% divididos igualmente entre eles, 70% de acordo com a votação obtida na eleição anterior.
A disputa
Pela primeira vez desde 1929, o PRI (Partido Revolucionário Institucional) pode perder a maioria que tem na Câmara. Amanhã serão eleitos os 500 novos deputados, além de 32 senadores.
Como o Senado tem 128 representantes, o PRI deve continuar dominando-o até o ano 2000, quando haverá nova eleição. Serão escolhidos, então, 128 novos senadores, com mandato de seis anos.
A Cidade do México escolherá amanhã, pela primeira vez, seu prefeito por voto direto. Antes, ele era indicado pelo presidente -ficando, portanto, nas mãos do PRI.
Cuauhtémoc Cárdenas, 63, do PRD (Partido da Revolução Democrática, centro-esquerda), é apontado como favorito nas pesquisas.
Alfredo del Mazo, 54, do PRI, e o conservador Carlos Castillo, 50, do PAN (Partido da Ação Nacional), apesar da desvantagem, também asseguram que vencerão.
Os Estados de Campeche, Colima, Nuevo León, Querétaro, San Luis Potosí e Sonora escolherão amanhã seus novos governadores.

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