São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 1997
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Peritos descartam tudo, menos explosivo, como causa de acidente

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os peritos IC (Instituto de Criminalística) da Polícia Civil de São Paulo encontraram ontem nitritos, resíduos de explosivos nitrogenados, nos retalhos da poltrona 17D do Fokker-100 da TAM e em amostras da fuselagem do avião fornecidas pela Aeronáutica.
O banco 17D fica exatamente à frente da poltrona onde ocorreu o epicentro da explosão que causou a morte do empresário Fernando Caldeira de Moura, expelido do avião a uma altitude de 2,4 km.
Os resíduos encontrados ontem têm as mesmas características dos detectados nas roupas de Moura.
A descoberta reforça a tese do IC de que foi realmente um artefato explosivo o que causou o acidente no Fokker. "Agora, temos uma evidência maior de que foi explosão de um composto que deixa nitritos", afirmou Antonio Augusto de Souza Lima, chefe do departamento de química do IC.
Segundo ele, as hipóteses de explosão de um cilindro de ar ou de alguma bateria, como a de um celular, estão praticamente descartadas por causa das características do impacto no avião e do encontro de nitritos nas roupas de Moura, na poltrona e na fuselagem.
Souza Lima não afasta, no entanto, a possibilidade de uma bateria ou mesmo o vazamento de um cilindro ter iniciado um processo de detonação involuntária do artefato explosivo, por meio de reações elétricas ou químicas.
Essa hipótese será analisada na segunda etapa da perícia feita pelo IC. No momento, a prioridade é tentar identificar do que era composto o artefato que explodiu.
No final da tarde, o IC iniciou as primeiras comparações entre os resíduos encontrados até agora e os deixados nas simulações feitas com seis tipos de explosivos.
Análises preliminares deixaram os peritos bastante animados com relação à identificação do explosivo, pois houve convergências em algumas características residuais. No entanto, o IC prefere não divulgar, por enquanto, com quais explosivos houve a convergência.
Os testes explosivos foram feitos pelo Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da PM) -TNT, plastex (explosivo plástico), pólvora branca e cordel detonador (geralmente os detonadores são explosivos que funcionam como espoletas)- e pelo IC -nitropenta, nitrato de amônia e cordel detonador.
A Folha apurou que, para o IC, os mais provável é que tenha sido um artefato aparentemente menos sofisticado do que se imaginava no início das investigações. Além dessas simulações, os peritos também realizaram ontem testes em outros tipos de detonadores.
Segundo o diretor-geral do IC, Benedito Pimentel, o instituto deverá chegar a resultados mais conclusivos até a próxima sexta-feira. "Esperamos entregar o laudo final em dez dias", afirmou.
Anteontem, os peritos receberam, além de um pedaço da fuselagem do avião, amostras da pele do empresário morto.

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