São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Provão e Capes são muito semelhantes, diz ministro

DA REPORTAGEM LOCAL

Diante da oposição da classe médica, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, chamou as entidades para um debate sobre o Exame Nacional de Cursos. A reunião, segundo ele, ainda não foi marcada. "Mas tenho até meados do ano que vem para definir os novos cursos que participarão", afirma.
Para o ministro, o provão é muito semelhante à avaliação realizada pela Capes na pós-graduação.
"Ela toma um relatório das instituições, toma alguns indicadores de qualificação do pessoal docente, dados de publicação, biblioteca, infra-estrutura e dá conceitos."
"A avaliação da graduação é a mesma coisa", diz ele. "Estamos vendo a qualificação do corpo docente e o regime de trabalho, a relação candidato/vaga."
"O resultado no provão propriamente dito é para a graduação o que na pós-graduação é dado pelas publicações de teses ou em revistas especializadas", afirma.
"O produto da pós-graduação é a pesquisa, o produto da graduação é o ensino", acrescenta, para justificar a necessidade de um exame desse tipo.
Segundo ele, os resultados do provão serão divulgados com uma quantidade crescente de outros indicadores. "Publicamos um decreto que diz que as universidades terão de publicar anualmente seu sistema de seleção de alunos."
O ministério também está preparando uma regulamentação sobre outros itens que devem ser informados pelos cursos, como bibliotecas, laboratórios, entre outros.
Paulo Renato diz que "o Cinaem (feito pelas escolas de medicina) é um estudo em profundidade, mas levou seis anos para ser feito".
"Eu não tenho condições de fazer isso para todo o sistema de graduação. São 5.000 cursos", diz o ministro, que afirma defender que outras entidades profissionais, como as da área médica, realizem também avaliações como a Cinaem. "Eu tenho condições de incluir na avaliação da graduação dados como esse. São coisas complementares"
Termômetro
O ministro diz que a Cinaem e o provão têm uma relação semelhante ao do Censo e da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios).
"Qualquer tipo de indicador tem sempre uma relação de custo-benefício. O ideal seria fazer um censo a cada ano, mas é inviável."
Outra comparação feita pelo ministro é do provão com um termômetro e de uma avaliação mais ampla com uma ressonância magnética. "O médico não pode dispensar um termômetro por causa da invenção da ressonância", diz.
A necessidade de ter uma avaliação frequente da graduação no país se deve às características específicas do mercado de trabalho.
"O diploma no Brasil é uma credencial profissional, até para ser técnico de futebol precisa ter diploma (de educação física). Se um médico formado não passar na prova do Conselho Regional de Medicina, ele pode ir à Justiça que ganha o direito de trabalhar", afirma o ministro.

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