São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Entidade alega transparência

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Jaci Alves Pimenta, diretor-executivo da The Fellow Ranchers International, no Brasil, afirma que todos os estagiários enviados para fora do país "estavam completamente cientes de que iriam trabalhar duro".
"Somos completamente transparentes. Orientamos antes de o estagiário viajar, mostramos o que ele vai fazer, que o trabalho é duro. Ninguém vai lá fazer turismo ou passar férias e isso eles sabem."
Pimenta admite que sabe que os estagiários chegam a trabalhar cerca de 15 horas por dia em trabalhos puramente braçais.
Antes de sair do Brasil, Pimenta afirma que exige que eles assinem um termo de compromisso em que afirmam saber que poderão trabalhar "cerca de 15 horas".
"Os americanos estão acostumados a muito trabalho, e muitos dos estudantes saem de uma família em que têm muitas mordomias. Por isso reclamam."
Sobre a acusação de que o estágio não tem nenhum valor educativo, Pimenta afirma que não é verdade. "No início, eles podem até não aprender nada. É só trabalho duro, mas, com o tempo, eles acabam tendo algum tipo de aprendizado."
Pimenta afirma que sabe que há reclamações sobre o programa, mas que elas não passam "de 5% do total". "Qualquer coisa que você faça sempre vai deixar alguém insatisfeito. É da natureza humana", disse.
A The Fellow Ranchers International tem sede em Ituiutaba (MG) desde 1975. Em 91, essa espécie de associação de fazendeiros começou a fazer troca de estagiários.
Até hoje, diz ele, 392 brasileiros participaram de programas de estágio. Só no ano passado, segundo ele, foram mandados para fora do país 78 brasileiros.
Segundo Pimenta, todos os programas têm ligações com universidades norte-americanas. Ele afirma que rompeu o contrato com a International Farmers Aid Association (IFAA), a associação que recebeu e distribuiu pelas fazendas dos EUA os cinco brasileiros entrevistados pela Folha.
O coordenador da IFAA, Júlio Ezawa, nega que a associação norte-americana tenha rompido contrato com a Fellow Ranchers.
Ezawa culpa a parceira no Brasil pelas reclamações dos estagiários. "Eles não prepararam bem os candidatos." Ele admite que os estagiários trabalham mais de 12 horas por dia. "É um estágio prático, e, aqui nos EUA, os fazendeiros trabalham muito."
(LM)

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