São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bloomberg quer se popularizar no Brasil

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

Império emergente no ramo das comunicações nos Estados Unidos, a Bloomberg, que iniciou suas atividades nos anos 80 fornecendo informações financeiras e notícias para o mundo dos negócios, quer se popularizar no Brasil.
A partir de agosto, terá sua programação apresentada na televisão brasileira, pela Net, Galaxy e Sky, com notícias do mercado financeiro, internacionais, de esportes e comportamento, e a participação de apresentadores brasileiros, como Valéria Monteiro, que trabalha na sede da empresa, num edifício da Park Avenue, em Manhattan.
"O Brasil é um dos países que mais se desenvolve no mundo", disse Michael Bloomberg, que fundou a empresa usando parte dos US$ 10 milhões que recebeu após ter sido demitido da Salomon Brothers, em Wall Street, em 1981.
"Com o país se abrindo para o mercado internacional, o que acontece no Brasil passa a ter maior importância para os outros países e vice-versa", explicou Bloomberg, em entrevista à Folha.
*
Folha - A Bloomberg é uma empresa que tem crescido vertiginosamente. Começou fornecendo informações on line para o mercado financeiro e hoje já marca presença forte como agência de notícias, com programas de rádio e TV distribuídos para o mundo todo. Apesar do agigantamento, a Bloomberg continua sendo uma empresa de capital fechado. Até quando pretende mantê-la assim?
Michael Bloomberg - Não há razão alguma para abrir o capital. Não penso nisso e não me preocupo. Felizmente, a Bloomberg está indo muito bem. Hoje, nossos terminais, com as informações para o mundo dos negócios, chegam a mais de cem países, temos escritórios em 70, distribuímos programas e reportagens para os mais variados meios de comunicação, jornais, rádios, emissoras de TV...
Folha - O senhor tornou-se um empreendedor quando saiu da Salomon Brothers. Os US$ 10 milhões se transformaram em quanto?
Bloomberg - É difícil dizer quanto vale a Bloomberg, talvez algo entre US$ 2 bilhões a US$ 10 bilhões, com certeza muito mais do que os US$ 10 milhões que tinha quando me dispensaram da Salomon Brothers. Comecei o negócio sozinho e hoje já temos quase 4.000 funcionários.
Folha - O que mudou com a expansão da Bloomberg, de simples provedora de dados econômicos para o mercado financeiro a uma empresa de jornalismo?
Bloomberg - No começo tivemos muitos problemas, até para credenciar nossos correspondentes em Washington ou no Japão, sofremos dificuldades geradas pelo corporativismo.
Quanto ao tratamento da notícia, nós, na Bloomberg, trabalhamos com precisão, não baseados em rumores. Já perdemos uma grande história porque tínhamos a informação, mas não conseguíamos confirmá-la com mais de uma fonte. Preferimos não arriscar a transmitir uma notícia errada. São coisas que acontecem, mas nós não trabalhamos com boataria.
Procuramos fazer um jornalismo sério, não um jornalismo barato, de sangue. Naturalmente, quando ocorre um assassinato como o do Versace (estilista italiano morto em Miami), não deixamos de noticiar, noticiamos bem. Mas não ficamos especulando.
Folha - O que o senhor acha do jornalismo que é feito nos EUA?
Bloomberg - É honesto, um dos mais sérios do mundo. Como tenho acesso, devido à língua, mais facilmente aos veículos de comunicação norte-americanos e ingleses, sinto uma diferença grande no tratamento da notícia. Na Inglaterra, eles vão mais atrás de especulações, de rumores.
Folha - O senhor diz que está interessado no mercado brasileiro, O senhor já esteve no Brasil?
Bloomberg - Já, inclusive porque montamos escritórios no país, precisamos de correspondentes. Achei um país interessante. Brasília foi uma cidade que me causou um grande impacto. Nem sei se gostei ou se não gostei, mas me passou uma sensação estranha. Não dá para ficar indiferente.

Texto Anterior: Gelaterias apostam na 'focaccia'
Próximo Texto: Fundador evita hierarquias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.