São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Prefeito Cárdenas dá fôlego à Bolsa mexicana

OSCAR PILAGALLO
EDITOR DE DINHEIRO

Passadas duas semanas das eleições no México, parece claro que o avanço da oposição de centro-esquerda não minou as perspectivas de valorização da Bolsa local. Ao contrário, pode tê-las melhorado.
A abertura política, com o fim da hegemonia de quase sete décadas do Partido Revolucionário Institucional (PRI), pesou mais do que a ameaça de as reformas econômicas poderem emperrar no Congresso, onde o governo perdeu a maioria absoluta.
O mercado não apenas previa a vitória de Cuauhtemoc Cárdenas para a Prefeitura da Cidade do México como achava que a virada seria boa para os negócios -tanto que a Bolsa disparou nos dias que antecederam o pleito.
A tendência vem sendo mantida desde então, apesar de os soluços provocados pela situação externa, com a crise cambial no Sudeste Asiático e, na sequência, a queda das Bolsas no Brasil, causadora do chamado "efeito samba" sobre o mercado latino.
Volta por cima
Mas por que o México, que no final de 94 assustou o mundo com o colapso de sua moeda, tornou-se boa opção de investimento?
Há várias razões.
Em primeiro lugar, a Bolsa mexicana demorou para acordar para a rápida valorização que favoreceu investidores em outros mercados emergentes.
Nos últimos 12 meses, por exemplo, enquanto dobrou a valorização da Bolsa de São Paulo (antes da queda dos últimos dias), as ações no México apresentaram valorização de cerca de 60%.
A conclusão dos investidores não é que o Brasil foi melhor do que o México, mas sim que o México tem mais espaço para crescer.
A corretora norte-americana Morgan Stanley, uma das instituições cuja análise pesa nas decisões de investimento, acredita que o México vai ser a estrela do mercado acionário no segundo semestre.
Além das duas razões já mencionadas para a alta da Bolsa -a virada política e a defasagem na valorização-, a Morgan Stanley alinha outros três fatores que sustentariam a tendência num horizonte de seis meses a um ano.
São eles:
1) A recuperação do consumo interno, que havia despencado com a desvalorização do peso. Com essa perspectiva, grandes empresas estrangeiras de produtos de consumo planejam investir US$ 2 bilhões no país.
2) A criação, nos próximos meses, de um esquema de fundos de pensão que, até o momento, já atraiu 5 milhões de pessoas e um patrimônio de US$ 6 bilhões. O dinheiro não poderá ser canalizado para a Bolsa no primeiro ano, mas a expectativa de investimento após esse prazo deverá puxar as cotações. Acredita-se que no ano 2000 os recursos disponíveis para aplicação sejam de US$ 20 bilhões.
3) A recuperação do mercado imobiliário e das obras de infra-estrutura, que deverão ser realizadas para atender às necessidades de uma economia em expansão.
Nesse cenário de otimismo, a menor chance de as reformas saírem funciona como contrapeso que, na melhor das hipóteses, limitaria o potencial de valorização.
Candidato à presidência em 2000, Cárdenas fará oposição ao governo central, mais do que deve se preocupar com questões municipais, e marcará posição com um discurso antiliberalizante.

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