São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997 |
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'ETA não perdeu a ternura'
CYNARA MENEZES
* Folha - Ações como a do Tupac Amaru, no Peru (em que os reféns, de um modo geral, foram bem tratados), não resultam em maior simpatia da população? Erkizia - O ETA manteve sequestrado o funcionário de presídio Ortega Lara por um ano e meio e tampouco sensibilizou o Estado. Na luta armada não se pode medir o que é justo ou não em função de apoios maiores ou menores. Nos termos éticos e morais que vislumbramos, vemos a realidade do ETA como a resposta defensiva de um povo que se sente atacado como Estado, que aspira a conquistar sua soberania, que luta por suas mínimas liberdades. Folha - Há muitas fotos do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara aqui na sede do partido. Não era ele quem defendia "endurecer, mas sem perder a ternura"? Erkizia - O ETA não perdeu a ternura. Conhecemos agora mesmo na prisão mulheres e homens do ETA com uma grande sensibilidade. Amam tanto a vida que estão dispostos a entregar a sua para que seus filhos e o povo em geral tenham um futuro de liberdade. Folha - Mas também estão dispostos a tirar a vida dos demais... Erkizia - Evidentemente, evidentemente. Folha - E isso é ternura? Erkizia - A luta armada é uma luta dura, mas luta dura não significa perder a ternura e a sensibilidade. Pessoas que estão dispostas a dar tudo o que têm em troca de nada, de nenhum benefício econômico ou político -essa é a melhor demonstração da ternura e da sensibilidade humanas. (CM) Texto Anterior: Governo causou ação do ETA, diz separatista Próximo Texto: Prisão longe de casa é ilegal Índice |
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