São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Shell quer parecer 'boazinha'

The Wall Street Journal
de Nova York

DO "THE WALL STREET JOURNAL"

"Quando a Shell explorou pela primeira vez a área de Camisea, no Peru, destruiu árvores e deixou lixo espalhado pelo caminho. Dessa vez, a empresa enviou antropólogos de Cambridge e biólogos do Instituto Smithsonian."
O jornal comenta que "tendo enfrentado críticas por suas práticas em países em desenvolvimento, empresas como a Shell e a Mobil dizem que agora querem tomar cuidado com o meio ambiente, assim como garantir que os habitantes se beneficiem das operações".
Para o "Wall Street", há muitos motivos para a mudança no comportamento. A velha maneira de trabalhar atraiu a atenção de grupos de defesa do meio ambiente e de direitos humanos, gerando boicotes de consumidores.
Grandes empresas estão chegando à conclusão de que, "se fizerem as coisas corretas, pode-se economizar dinheiro e esforço, a longo prazo", disse ao diário Thomas Lovejoy, um dos biólogos envolvidos no projeto peruano.
Camisea é o projeto mais delicado para testar a nova posição das empresas petrolíferas. Prevê-se a exploração de petróleo e gás natural por 40 anos em uma região rica em espécies vegetais e animais e habitada por 5.000 índios.
"Há muito ceticismo sobre quão verdadeira é a mudança na Shell", comenta o "Wall Street". Desde o início do projeto houve vários incidentes envolvendo índios. A própria boa vontade da Shell em obter e dar informações para todos em Camisea, dos missionários dominicanos que atuam na área à Rede de Ação da Floresta Tropical, uma ONG de San Francisco, contrasta com a atitude da empresa em outros lugares.
Na Nigéria, a Shell tem sido criticada tanto por comprometer o meio ambiente quanto por se beneficiar das práticas brutais do governo militar de Sani Abacha, que reprime violentamente as organizações étnicas da região em que a Shell trabalha.
A Shell nega conluio político com o regime militar, mas admite os danos ao meio ambiente.
As companhias petrolíferas estão sob pressão por estarem cada vez mais explorando poços em áreas de florestas tropicais, um dos mais sensíveis e ameaçados ecossistemas do mundo, diz o "Wall Street".

Texto Anterior: Thatcher lucra com palestras no Japão
Próximo Texto: Suspeito de matar Versace temia ter o vírus da Aids
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.