São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Extração artesanal é tradição na Amazônia

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Embora seja usado em uma indústria sofisticada, o óleo de pau-rosa é produzido de maneira artesanal dentro da Amazônia.
"É um processo que começa com a identificação da árvore na mata e vai até a fabricação do óleo em destilarias flutuantes nos rios Negro e Tapajós", conta o botânico Milton Hélio Lima.
Em geral, os chamados "mateiros" entram na floresta e identificam as árvores a serem derrubadas. São usadas para a produção do óleo árvores adultas, isto é, com cerca de 40 anos de idade.
Uma árvore tem, em média, 20 metros de altura. A circunferência do tronco varia entre 65 e 160 centímetros.
"O pau-rosa fica disperso, isolado no meio de outras espécies. Muitas vezes, ele é identificado pelo forte cheiro que exala", disse o botânico.
O processo
Depois de marcada, a árvore é derrubada e tem seu tronco transportado até moinhos, geralmente localizados nas beiras dos rios, onde ele é cortado em pequenos pedaços. "É como um pó, só que mais espesso", disse Lima.
O processo de produção do óleo de pau-rosa é semelhante ao de fabricação da aguardente. "O pó é jogado em uma panela grande, que recebe vapor a partir de uma caldeira."
Na panela existe um orifício por onde saem o vapor e o óleo misturados. Os dois passam por um resfriador, em que eles se separam porque têm densidades diferentes. "O óleo é mais leve, então fica sobre a água."
Diminuição
Normalmente, essas destilarias são clandestinas e pertencem a pessoas da própria Amazônia. "É uma tradição que passa de pai para filho", disse José Leland, coordenador de operações de fiscalização do Ibama em Manaus (AM).
Leland afirma que no Estado do Amazonas existem poucas destilarias -"umas três ou quatro"- e que a exploração do óleo de pau-rosa é uma atividade econômica que vem diminuindo nos últimos anos.
Os dados do World Conservation Monitoring Centre confirmam a afirmação de Leland: o órgão estima que em 1980 foram produzidos cerca de 15 toneladas de óleo contra 5 toneladas em 1995. A entidade atribui a queda à devastação.
Se o processo de produção do óleo é conhecido, não se sabe direito como ele deixa o país. "O mercado é certo, mas não se sabe se o produto deixa o país por avião, trem ou navio", disse Lima.
(MA)

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