São Paulo, domingo, 20 de julho de 1997
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Por trás das quedas d'água

ANA CRISTINA PESSINI

Foz do Iguaçu quer ser a capital do turismo ecológico e investe em passeios radicais nas cataratas
Porta brasileira para o Mercosul e dona de uma das mais belas paisagens naturais do país -as Cataratas do Iguaçu-, a cidade de Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná, quer ser agora também a primeira em turismo ecológico.
Se a natureza já ajuda, basta acrescentar um pouco de passeios (mais ou menos) radicais e dar um novo ângulo -com vistas de baixo ou bem de cima- para as visitas às quedas d'água.
Um desses passeios "alternativos" é o Safari Macuco. A bordo de um jipe camuflado que puxa uma espécie de carreta com cinco bancos de madeira onde os passageiros se acomodam, os turistas atravessam uma alameda cercada por mata nativa.
Ao longo de uma trilha de 3 km, que pode ser feita a pé, o motorista pára o veículo em pontos estratégicos enquanto o guia dá informações sobre a fauna e a flora.
Habitam o lugar papagaios, tucanos e maritacas, além das abelhas Jataí que produzem um tipo de mel medicinal e, embora não piquem, adoram se enroscar nos cabelos dos visitantes.
Entre as madeiras estão o cedro (uma das mais caras), a canela e a timbaúva (usada pelos índios para fazer canoas e pescar), ornadas por várias espécies de orquídeas, que se apóiam em troncos maiores à procura de água e luz, formando arranjos.
O fim da caminhada é apenas a metade do passeio. Às margens do rio Iguaçu, o visitante troca o jipe por um bote inflável com o qual percorre 4 km até as cataratas. Conforme o barco se aproxima das quedas, a visão (de baixo para cima) vai se tornando ainda melhor.
Em dias ensolarados, o vapor produzido pela pressão da água que cai dos cerca de 275 saltos forma um arco-íris.
Quem prefere ver o espetáculo de cima tem à disposição o passeio de helicóptero, que sobrevoa as cataratas por cerca de 8 minutos dando uma visão geral das quedas.
No lado oposto às cataratas, a 20 km do pier do Macuco, fica o ponto de confluência dos rios Iguaçu e Paraná. No mesmo local, estão os três Fóruns das Américas com as sedes brasileira, argentina e paraguaia.
Seguindo pelo lado paraguaio, uma surpresa pouco visitada. Uma trilha de aproximadamente 1 km no meio da encosta leva à casa onde viveu o botânico suíço Moisés Bertoni. Ao lado de sua mulher, a bioquímica Eugênia Rosset, Bertoni plantou no local 2.500 espécies que trouxe de várias partes do mundo.
Circundada pelo minijardim botânico particular fica a casa de cabreúva, construída em 1901, onde o pesquisador, morto em 1929, escreveu 524 títulos -traduzidos para mais de sete línguas- sobre a geografia, fauna e flora da região, além de seus objetos pessoais.
Abandonados durante anos, tanto a casa (que pertence ao Ministério da Agricultura do Paraguai) quanto o acervo nela contido passam hoje por uma reforma graças a uma parceria entre uma fundação suíça e o governo paraguaio, que promete recuperá-los para a visita de turistas. Enquanto isso, pode-se aproveitar os arredores, que abrigam ainda a tribo indígena M'bya, além da bela vista que a varanda da casa oferece do rio Paraná.
Já para os que preferem aliar natureza com atividades esportivas nada radicais, mas com bastante sofisticação, a opção é se hospedar ou ficar sócio do novo Iguassu Golf Club & Resort. Inaugurado oficialmente em maio, o Iguassu dispõe de um campo com 18 buracos, com serviço de "caddies" (meninos que carregam tacos e rastelam os campos) e uma sede com restaurante e suítes.
No quesito gastronomia Foz do Iguaçu tem como forte a carne. O suculento bife de chorizo argentino pode ser degustado no restaurante do clube hípico da cidade. Para "algo mais leve", a sugestão é um bom prato à base de peixe, no restaurante espanhol Zaragoza, no centro de Foz.
À noite, a dica é passar para o lado argentino da fronteira, em Puerto Iguazú, e experimentar uma diversão ainda proibida no Brasil no Casino Iguazú.
Instalado numa casa elegante e discreta, o cassino -propriedade de um grupo com 30 anos de experiência no ramo, com casas na Europa e em seis cruzeiros-pretende manter um ambiente mais familiar.

PASSAGENS AÉREAS: Varig: R$ 499,84 com taxa de embarque. 20% de desconto se o bilhete for emitido com 11 dias de antecedência no mês de julho, e 30% em agosto. Tel. 5561-1161. Transbrasil: R$ 480 mais R$ 15,30 de taxa de embarque. Desconto de 30% para bilhetes emitidos com 11 dias de antecedência e 45% para pessoas acima de 55 anos e entre 12 e 23 anos. Tel: 228-2022. Vasp: R$ 290,73 mais R$ 15,30 de taxa de embarque. Tel. 0800-99-8277.

HOTÉIS E RESTAURANTES: Mabu Foz Hotel & Thermas: av. das Cataratas, 3.175, tel. 0800-41-7040. Diária: R$ 190 quarto duplo, com café da manhã e jantar. Bourbon: rod. das Cataratas, km 2,5, tel: (045) 523-1313. Diária: R$ 168 quarto standard, com café da manhã e jantar. Hotel Cataratas: Parque Nacional de Iguaçu, tel: (045) 523-2266. Pacote de três diárias: R$ 215,82 por pessoa em apartamento duplo com café da manhã e mais uma refeição de cortesia. Iguassu Golf Club & Resort: av. das Cataratas, 6.845, tel. (045) 523-4749. Diária casal: R$ 200, com café da manhã e jantar. Restaurante Zaragoza: r. Quintino Bocaiúva, 882, Foz do Iguaçu, tel. (045) 574-3284.

PASSEIOS: Casino Iguazú: Ruta 12, km 1.138, Puerto Iguazú, Argentina, tel. (54-757) 20318/21200. Passeio de helicóptero sobre as cataratas: R$ 55 por pessoa. Macuco Safari: R$ 33 por pessoa. Visita à Casa de Moisés Bertoni: R$ 25.

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