São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Policiais civis aderem a ato de sem-terra

DA SUCURSAL DO RIO

Policiais civis do Rio participarão hoje do ato "Abra o Olho, Brasil", promovido pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) para protestar contra o governo.
A intenção dos organizadores da manifestação é reunir numa passeata, que irá da Candelária à Cinelândia, pela avenida Rio Branco (centro do Rio), de 15 mil a 20 mil pessoas. Sem-teto, ferroviários, metroviários, funcionários públicos e artistas devem participar do ato.
O inspetor Cláudio Cruz, do Núcleo de Defesa dos Policiais Civis do Rio, disse ontem que vai à manifestação e só não discursará se for barrado. Anteontem, o MST e a CUT participaram da caminhada dos policiais, no centro do Rio.
Cruz reconheceu que é difícil uma adesão em massa dos policiais ao protesto, que tem caráter político. "A categoria está acostumada a correr atrás de passeata, não a fazer passeata", afirmou. Ele previu a participação de poucos policiais no protesto. Para o policial, a passeata significou "o início do namoro da Polícia Civil com a sociedade", ainda em fase de "conhecimento mútuo". "Mas depois pode 'pintar' um clima."
Segundo Cruz, os manifestantes do MST e da CUT são exatamente iguais aos policiais. "Policial é sem-tudo: sem-governo, sem-arma, sem-salário e sem-comida", afirmou. "O núcleo só não é solidário a quem transgride a lei."
Cruz e um grupo de policiais civis reafirmaram ontem, em encontro com o presidente da Assembléia Legislativa, Sérgio Cabral Filho (PSDB), que a categoria entrará em greve em 6 de agosto, se não for atendida.
Os policiais pedem aumento de 84,62% e a inclusão de aposentados, motoristas e carcereiros no plano de carreiras da categoria.
Sem-arma
O secretário de Segurança Pública, Nilton Cerqueira, disse que a passeata de anteontem reuniu "os futuros sem-carteira e sem-arma", referindo-se à parcela que não será beneficiada pelo plano de cargos. "São os excluídos", disse, irônico.
Cerqueira disse que a passeata foi democrática, mas anunciou punições aos policiais que participaram do protesto armados ou usando toucas ninja. "Quem usa touca ninja é bandido." Uma equipe da secretaria está encarregada da identificação dos participantes.

Texto Anterior: Transporte coletivo pode parar em BH
Próximo Texto: 'Está tudo tranquilo', afirma presidente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.