São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997 |
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Ação afirmativa
SILVIO CACCIA BAVA Toda a política atual do governo FHC é concentradora e excludente. As privatizações transferem o patrimônio público para os maiores grupos econômicos.A abertura indiscriminada de mercado tem estabelecido uma concorrência de efeitos perversos e provocado o fechamento de milhares de pequenas e médias empresas. A política agrícola e de crédito rural tem levado centenas de milhares de pequenos produtores rurais a perderem suas propriedades. Os salários sofrem um arrocho que se pode observar pela evolução do custo de vida (112%) e do salário mínimo (20%) durante a vigência do Plano Real. E assim se incorporam novos contingentes aos sem-nada (sem-salário, sem-emprego, sem-terra, sem-teto). A situação tornou-se explosiva depois que acabou o efeito redistributivo do fim da inflação. A violência cresce assustadoramente em nossa sociedade. Estão aí as polícias e os seus salários irrisórios para anunciar um novo ciclo de mobilizações sociais na luta pela sobrevivência. Sem dúvida, o funcionalismo -que não tem reajustes há dois anos- seguirá os passos das manifestações de rua e da pressão sobre o governo. E a resposta que FHC prepara são demissões em massa, agora que a reforma administrativa quebra a estabilidade do funcionalismo público. A tensão social cresce tanto no meio rural quanto nas cidades. Essa situação de indignação e desespero pode ter consequências gravíssimas, como se pôde perceber em Maceió e Recife nos últimos dias. O que permite canalizar o conflito social para o campo das negociações com o governo não é o Exército nas ruas, que só radicaliza a situação. É a existência de entidades e movimentos que há mais de dez anos vêm construindo representações de interesses coletivos da sociedade, dos sem-terra, dos sem-teto, dos sem-nada. Por tudo isso, temos que respeitar e valorizar o novo, que é a disposição de ações articuladas em defesa da terra, do trabalho e da cidadania, como é o ato conjunto que se realiza hoje na avenida Paulista, às 16h, em frente ao Masp. Ali estarão os sindicatos, a CUT, o MST, a Central de Movimentos Populares, os partidos políticos e todos os cidadãos que se somam para expressar as demandas sociais. De agora em diante, o grande desafio é conquistar e mobilizar a opinião pública em defesa de ações afirmativas, com a construção de uma plataforma conjunta de demandas concretas que sejam apresentadas ao governo para negociação. Texto Anterior: Prostituição pode ser regulamentada Próximo Texto: Casal de médicos é morto em Santos Índice |
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