São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Bailes de embate são violentos

DA REPORTAGEM LOCAL

Muita gente que nunca foi a um baile funk pensa que todos são redutos de gangues de adolescentes violentos. Não é bem assim.
A socióloga Fátima Cecchetto, 34, que estuda o assunto, afirma, contudo, que nos bailes "existe um equilíbrio tenso entre o lúdico e o violento".
Ela prepara o trabalho "Galera Funk - O baile e a rixa", sua tese de mestrado pela Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). Segundo ela, há três tipos básicos de bailes: o normal, o de comunidade e o de embate.
Os bailes de comunidade ocorrem dentro das favelas e, curiosamente, não têm seguranças contratados -geralmente a paz é assegurada por traficantes.
Nos bailes "normais", normalmente em clubes em território neutro, o som começa com charme, ritmo mais calmo, e acelera até os "balanços mais quentes", que os funkeiros chamam de "15 minutinhos de alegria".
O clima mais tenso, obviamente, é no baile de embate, geralmente clubes, onde uma linha imaginária guardada por seguranças divide os frequentadores em dois grupos distintos.
O objetivo de cada grupo é invadir o espaço do outro. Nesses bailes, os frequentadores vão em galeras (grupos). As galeras se juntam a outras -os chamados "bondes"- para brigar.
"As brigas têm regras e, quando ficam muito violentas, os seguranças intervêm", diz Fátima.
O funk, nesse caso, é um acessório para extravasar a violência. "A música para eles dá emoção. A diversão deles é 'dar ou tomar prejuízo' (bater ou apanhar)", diz ela, que ressalta que a violência nos bailes funks não é recente.

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