São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"A razão justifica a crença"

MAURO SALLES

"A fé não é refúgio dos tolos, é uma realidade do ser humano e ela, curiosamente, é uma realidade muito atual. Eu fui a uma noite de autógrafos, e o livro que estava sendo lançado, a biografia de Fujioto Tatshibana, de Aldo Pereira, tinha como epígrafe uma frase que diz assim: 'Fé é acreditarmos no que não vemos, a recompensa dessa fé é vermos aquilo em que acreditamos'. Essa é, se não me engano, uma frase de Santo Agostinho, portanto, uma frase secular que continua atualizada. A melhor maneira de demonstrar a seriedade da fé é imaginar o homem sem fé. Imaginar o ser humano sem fé.
Houve inúmeras tentativas de desacreditar a fé, de eleger a razão como a única coisa essencial, mas até os agnósticos entravam em contradição, porque eles conseguiam ser agnósticos porque não acreditavam, não tinham fé num Deus, mas, de outra parte, chegava um momento em que eles tinham que acreditar na existência do espírito como uma qualidade extra do homem, já que nem eles podiam imaginar que um homem sem espírito estava devolvido apenas à sua função animal.
Aceitar um homem sem espírito como gerador de pensamento é a mesma coisa que acreditar num animal muito inteligente que possa ser gerador desse pensamento, ou então imaginar que o computador, a máquina, possa ser geradora. Hoje, ao contrário, já se usa a razão para justificar a fé."

Texto Anterior: Maneiras de buscar e rejeitar a fé
Próximo Texto: "A fé é telúrica, essencial"
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.