São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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A POLÍCIA E O PRESIDENTE

A pesquisa publicada hoje por esta Folha evidencia, mais uma vez, o péssimo conceito que as polícias civis e militares alcançaram junto às populações de algumas das mais importantes cidades brasileiras.
A maioria dos entrevistados julga pouco eficiente a atuação dos policiais e rejeita as atitudes violentas e o abuso de autoridade praticados pelas corporações. Mais da metade revela nutrir mais medo do que confiança em relação àqueles que são pagos para garantir segurança.
Poucas pesquisas, no entanto, têm recebido maiorias tão contundentes como os quase 90% que consideram justa a reivindicação dos policiais por melhores salários; 60% defendem o direito de greve da categoria, mas desaprovam o uso de armas durante manifestações, bem como a invasão de prédios públicos.
O que mais chama a atenção nos resultados da sondagem é o número expressivo de pessoas que culpam o governo federal, mais do que as administrações estaduais, pela crise nas polícias, aparentemente esquecendo que a segurança pública é também responsabilidade de governadores, e não apenas do presidente.
Mesmo considerando a sabida tendência da sociedade de atribuir todas as suas mazelas à Presidência da República, a sondagem aponta um inequívoco descontentamento com Fernando Henrique Cardoso.
Para cerca de 50% dos entrevistados, o governo federal não elabora leis que beneficiem os policiais, nem libera verbas para aumentar seus salários, enquanto que para 27% a União deveria exigir uma atitude mais enérgica dos governadores.
A pesquisa do Datafolha deixa bem claro que a população se ressente da falta de uma política eficaz de segurança, a qual, convém lembrar, na época da campanha, constituía uma das cinco prioridades do então candidato Fernando Henrique Cardoso.

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