São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997 |
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Por que Serjão é indemissível
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Os brasileiros parecem convencidos de que Sérgio Motta é indemissível. Até aí, tudo bem. O problema começa com a teoria conspiratória sobre os motivos pelos quais Serjão jamais será afastado.Quase ninguém diz, por absoluta falta de provas, mas a teoria é a de que Serjão não cai porque, se caísse, poria a boca no mundo e denunciaria uma e mil maracutaias. Será? Vamos aceitar o pressuposto de que haja maracutaias a denunciar, só para poder levar o raciocínio até o fim (descartar o pressuposto mataria a teoria, certo?). Sérgio Motta falaria? Para responder, basta pensar no caso PC Farias. O tesoureiro de Fernando Collor foi para o túmulo em silêncio, embora o homem a quem supostamente deveria proteger já tivesse sido apeado do poder e tivesse caído em desgraça. Por que, então, Sérgio Motta agiria de maneira diferente, se o presidente que poderia ser afetado por sua falação ainda está no poder e tem grandes chances de nele continuar até 2002? Antes que o presidente e o ministro se ofendam, como vem sendo de praxe, é bom deixar claro que não os estou acusando de nada nem dizendo que PC e Serjão são comparáveis. Estou apenas seguindo a linha da teoria conspiratória até o seu último limite. Pode até ser que Sérgio Motta jamais seja demitido ou peça demissão. Mas não pelas razões ocultas na teoria conspiratória. Meu palpite é o de que a manutenção de Serjão, mesmo com todas as trapalhadas em que se envolve, tem mais benefícios do que custos para o presidente. Entre os benefícios, o de ter à mão um amigo de longa data, o que é sempre conveniente para todos, poderosos ou não. Quem não prefere lidar com alguém cuja mãe possa ser citada negativamente em uma conversa informal, em vez de tratar permanentemente com amigos de última hora, o que obriga a uma linguagem de conveniência permanente? Texto Anterior: A POLÍCIA E O PRESIDENTE Próximo Texto: Para Loyola, a luta continua Índice |
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