São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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Para Loyola, a luta continua

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Apesar da decepção com o fim melancólico da CPI dos Precatórios, o Ministério Público, o Banco Central, a Polícia Federal e a Receita continuam na luta. Os implicados ainda não devem dormir tranquilos.
"O trabalho não está perdido. As conclusões do senador Requião podem não ter sido aprovadas pela CPI, mas já foram fartamente publicadas pelos jornais e estão até na Internet. Ninguém apaga o que está escrito", diz o presidente do BC, Gustavo Loyola.
Além disso, as investigações independem da CPI e não terminaram.
"O rastreamento das contas é um novelo sem fim. Uma conta puxa a outra, que puxa uma terceira, depois uma quarta, e assim vai. Quanto mais puxamos o fio, mais coisa aparece", avisa Loyola.
Além dos beneficiários, ele tem um outro alvo definido: "Ainda perseguimos uma resposta para a principal pergunta: onde está o dinheiro?".
Bem antes da CPI, o BC já vinha investigando irregularidades no mercado de títulos. Foi nesse rastro que chegou à emissão irregular para pagamento de precatórios, aos desvios de finalidade e à chamada "cadeia da felicidade", que envolveu chefes e subordinados de governos e prefeituras, além de agentes financeiros.
Com ou sem o racha da CPI, ainda há muito o que fazer. Uma coisa é o pífio resultado político, outra são os desdobramentos de ordem prática.
No próprio Congresso, já se discutem novas regras e leis para restringir o endividamento dos Estados.
No Ministério Público, há várias pistas a serem perseguidas, com ajuda de BC, PF e Receita.
"Só teríamos uma pizza se não houvesse continuidade. Mas está tendo", diz Loyola, otimista.
Desde a divulgação da tal pasta cor-de-rosa (relacionando o Banco Econômico a caixinhas de campanha), ele é cheio de dedos para falar sobre Congresso, CPIs e que tais. No final da nossa conversa, porém, ele brinca: "Às vezes, eu gostaria de ser igual ao Serjão".
Não precisa. Para os fazedores de pizza e os citados no relatório original da CPI, essas meias palavras bastam.

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