São Paulo, domingo, 27 de julho de 1997
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a morte para a criança

FRANCISCO B. ASSUMPÇÃO

Pensar a morte na criança parece um contra-senso, se pensarmos a criança como um "vir-a-ser", e a morte como o fechamento de possibilidades.
A noção de morte surge gradativamente na criança, em função de seu desenvolvimento intelectual.
O bebê só entende a existência do "outro" quando adquire a noção de persistência de objeto. Sendo assim, nessa idade, ele ainda não pensa a questão da morte.
A fase de desenvolvimento dos seis a sete anos de idade é caracterizada pelo pensamento pré-lógico: a criança vê a morte como um desaparecimento da pessoa, que pode ser transitório e reversível.
Após os sete anos de idade, a criança adquire o pensamento concreto, passando a ter dimensão da morte como um processo de aniquilação e de desaparecimento.
Com o advento do pensamento abstrato na adolescência, surge a concepção de morte vinculada à diminuição das possibilidades e de fim de projetos existenciais.
Dessa maneira, quando crianças convivem com a perspectiva de morte de alguma pessoa próxima, a abordagem da questão deve levar em conta o desenvolvimento delas.

Diretor do Serviço de Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas

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