São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Sem-teto acata proposta e sai de imóvel

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após 11 horas de negociação com a Secretaria da Casa Civil, os encortiçados que há 54 dias invadiram o prédio da rua do Carmo, 88, no centro de São Paulo, pertencente à Secretaria de Estado da Fazenda, decidiram deixar pacificamente o imóvel, aceitando proposta do governo do Estado.
O grupo ficará por um período de três dias na Escola Estadual Professor Francisca Teixeira Camargo, na Penha (zona leste).
Durante esse período, a ULC (Unificação das Lutas de Cortiços) negociará com o governo uma solução para os cem invasores que mudarão para a escola.
Outros 70 invasores deverão permanecer em casas de parentes ou nos cortiços e favelas de origem até que seja solucionado o problema.
Ontem, para ratificar a reintegração de posse, um grupo de cerca de 20 encortiçados deixou o prédio, foi limpar a escola e adaptá-la aos invasores.
A reintegração foi assinada pela advogada Michael Mary Nolan, que trabalha no escritório do deputado federal Luís Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e defende a ULC.
Segundo o governo do Estado, a escola estava desativada.
A maior parte do grupo deve deixar o prédio somente hoje pela manhã, em ônibus que serão fornecidos pela Secretaria da Fazenda para esse fim.
A negociação com a Casa Civil foi intermediada, desde as 7h, pelo promotor da cidadania Clilton Guimarães dos Santos, pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e pelos deputados estaduais Paulo Teixeira (PT) e Jamil Murad (PCdoB).
Intervenção do juiz
Mas a proposta de desocupação pacífica do imóvel só começou a ser fechada à tarde, quando o juiz Luis Paulo Aliende Ribeiro, da 5ª Vara da Fazenda Pública, que concedeu a liminar de reintegração de posse, interviu nas negociações.
Aliende Ribeiro disse aos intermediadores e representantes da ULC que a reintegração seria adiada caso o governo não oferecesse outra alternativa a não ser vagas em um albergue do Cetren (Centro de Triagem e Encaminhamento), recusadas pelos invasores.
A proposta de transferência para o Cetren foi feita pelo representante do governo, o chefe de gabinete da Secretaria da Casa Civil, Flavio Patrício.
Ele havia dito que o governo só negociaria após a desocupação do imóvel.
Quando concedeu a liminar à Secretaria da Fazenda, Aliende determinou que ela fosse responsável por alojamentos para os invasores.
O juiz afirmou que o Cetren não oferecia condições para abrigar as famílias e nem vagas para todos. O senador Suplicy esteve no Cetren no início da tarde e no local só havia 60 vagas.

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