São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Entenda as regras sobre mensalidades

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde 1995, quando o governo determinou que as escolas só podem reajustar o preço uma vez por ano, a questão das mensalidades escolares ficou menos polêmica.
Até então era uma bagunça: as escolas não seguiam as regras, que mudavam até quatro vezes ao ano, tudo isso agravado por uma inflação fora de controle.
A regra atual determina que 45 dias antes da matrícula a escola deve informar a sua anuidade.
Com isso, eliminou-se o problema de os pais começarem o ano sem saber quanto estariam pagando no final.
Hoje é um preço só, parcelado em 12 mensalidades (com matrícula optativa), seja pré-escola, seja universidade.
O problema atual para os pais é saber por que a escola cobra o que cobra. A medida provisória determina que a escola deve fornecer, se solicitada, uma planilha de custos.
Trata-se de um documento técnico, que não só é difícil de decifrar, como não traz o valor discriminado de cada um dos itens. E as escolas em geral só entregam a planilha à Justiça.
O advogado Adib Salomão, consultor do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo, diz que "o governo deveria ver que o mercado se estabilizou e nenhum dono de escola vai aumentar pois perderia alunos".
Para ele, "o governo deve intervir naquelas situações em que não há competição. Para as escolas o mercado está aberto, competitivo". Ou seja, a posição majoritária das escolas é de liberdade de regras, com controle só do mercado.
"A escola pública está ficando competitiva. A gente sente que isso está acontecendo. Hoje temos pais que não estão olhando a escola pública com repulsa", diz Salomão.
Pelo lado dos pais e alunos a visão é diferente. As duas entidades estaduais de São Paulo defendem que a legislação deveria obrigar as escolas a apresentarem seu planejamento pedagógico, além da planilha de custos.
"Se a escola planeja, por exemplo, que em maio vai montar um laboratório de informática, e o pai sabe disso, ele pode cobrar", diz Hebe Tolosa, presidente da Associação Estadual de Pais e Alunos do Estado de São Paulo.
"Com a apresentação do planejamento pedagógico, o pai que não estiver de acordo poderá tomar providências", afirma Mauro Bueno, presidente da Associação Intermunicipal de Pais e Alunos.
As posições divergentes estão sendo avaliadas nesta semana pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, que deve reeditar a medida provisória até a semana que vem.
A questão para o governo é que, atualmente, a medida provisória prevê que a escola só pode aumentar sua anuidade para fazer investimentos ou cobrir o aumento de seus custos ou salários.
Só que, se essa previsão for maior do que o investimento real, não está definido o que acontece -se os pais recebem dinheiro de volta, desconto no próximo ano ou alguma outra opção.
Mais de 300 processos estão parados no governo desde 1995 por causa disso.
(FR)

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