São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Chefe de gabinete alega problemas técnicos

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O chefe de gabinete da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Carlos Sepúlveda, disse que a exposição "500 Anos da Expulsão dos Judeus de Portugal" foi suspensa em razão de um problema técnico.
"Não houve censura de espécie alguma", disse Sepúlveda. "Queremos fazer uma exposição original, usando nosso acervo de obras raras. O problema é que, como as obras em restauração não foram concluídas, não foi possível pesquisar o acervo."
Precaução
O chefe de gabinete da instituição justificou a referência ao governo português em seu relatório como "uma precaução".
"Surgiram boatos, não sei de onde, de que a exposição poderia melindrar os portugueses. Por isso, tive esse cuidado", disse Carlos Sepúlveda.
Ele confirmou ter sugerido a mudança do nome da exposição. "Se fosse chamada 'A Diáspora Ibérica' seria mais abrangente", afirmou.
Parecer técnico
Para o chefe de gabinete da Biblioteca Nacional do Rio, o erro da instituição foi ter agendado a exposição apostando na conclusão das obras.
"Houve precipitação, só isso. Meu parecer é técnico, não há nenhum tipo de censura nele", disse Sepúlveda.
"Bizarrice"
As referências ao governo português na suspensão da exposição na Biblioteca Nacional surpreenderam o conselheiro de imprensa da embaixada de Portugal, Luís de Sousa.
"Não vejo onde pode haver melindre. Queremos mais do que nunca recuperar nosso passado histórico", disse.
Segundo Sousa, "a prova disso são as várias exposições que estamos fazendo em Portugal sobre o período da Inquisição".
Imaginar que o governo português pudesse se sentir ofendido com uma exposição sobre o tema é, no entender de Sousa, "um disparate".
"Quem fez essa colocação está muito mal informado. Como vocês dizem aqui no Brasil, isso é uma bizarrice", afirmou.
(CG)

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