São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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MORALIZAR O FUTEBOL

A despeito de ser o esporte preferido da maioria dos brasileiros, o futebol tem-se mostrado um celeiro de descalabros, práticas clientelistas, corrupção e impunidade.
Não é à toa que o futebol entre nós tem sido usado seja como balcão de negócios, seja como trampolim de ascensão para políticos de reputação duvidosa, para dizer o mínimo.
Não seria exagero afirmar que nessa matéria o país ainda não fez a sua Revolução de 30. Como os coronéis da República Velha, os cartolas de hoje controlam suas áreas de influência, mandam e desmandam, abusam de procedimentos escusos e apostam no atraso como instrumento de sua perpetuação no poder.
É, pois, extremamente oportuno e salutar o anteprojeto que o ministro extraordinário dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, apresentou ao presidente da República.
São propostas ao mesmo tempo moralizadoras e modernizantes. Merece especial destaque a que incentiva os clubes a se transformarem em empresas, exigindo deles maior eficiência e transparência na prestação de contas. Assim também a que visa a permitir que se responsabilize civil e criminalmente os seus dirigentes.
Outro item fundamental prevê que os integrantes dos tribunais de Justiça Desportiva sejam indicados por entidades civis. Esses funcionariam com autonomia em relação à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e às federações estaduais, possibilitando maior controle sobre a ingerência política nos julgamentos.
É preciso mencionar ainda a lei do passe livre para os atletas e a medida que tem por objetivo dar maior profissionalismo às arbitragens.
Como seria de se esperar, os adversários de tais propostas já começam a se manifestar. O presidente da Fifa, João Havelange, ameaça excluir o Brasil da Copa de 98 caso o anteprojeto seja aprovado. Trata-se, obviamente, de uma declaração desastrada. Os beneficiários do atraso certamente lançarão mão de outras. Cabe a toda sociedade pressionar para que eles sejam derrotados. O futebol brasileiro agradeceria.

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