São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997
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Brasil e Reino Unido firmam tratado para extradição

DE LONDRES; DA REPORTAGEM LOCAL

Os governos do Brasil e do Reino Unido formalizaram ontem um acordo para facilitar a concessão de pedidos de extradição.
Até então, por falta de um acordo, os pedidos de extradição passavam por uma longa avaliação realizada pelos governos, que consideravam a natureza política de cada caso.
Com a assinatura do tratado, o Reino Unido deve entrar o mais rápido possível com o pedido de extradição de Ronald Biggs.
Ontem, a Scotland Yard disse já ter preparada uma equipe de agentes para seguir para o Rio de Janeiro com o objetivo de prendê-lo.
Se chegar a ocorrer, entretanto, a volta de Biggs para o Reino Unido só deverá acontecer depois de uma longa batalha legal.
Pela lei brasileira, um crime prescreve 20 anos após cometido.
Pela lei britânica, entretanto, Biggs ainda tem de cumprir o restante de sua pena de 30 anos de prisão. Ele fugiu da cadeia depois de cumprir 15 meses de sua sentença.
Segundo o acordo, um pedido de extradição do governo inglês seguiria o seguinte roteiro: o Ministério das Relações Exteriores envia o caso ao Ministério da Justiça, que analisa e remete a documentação ao Supremo Tribunal Federal, responsável pela decisão final.
Segundo o Itamaraty, até ontem o governo não havia sido informado sobre um eventual pedido de extradição de Biggs.
Ronald Biggs foi preso e condenado por sua participação no assalto a um trem em 1963.
A quadrilha levou o equivalente hoje a US$ 50 milhões. Biggs disse ter gasto todo o dinheiro que ganhou no roubo com a fuga.
Ele fez cirurgia plástica na França, foi para a Austrália e seguiu depois para o Brasil.
Descoberto em 1974, só escapou da prisão porque sua amante, Raimunda de Castro, estava grávida.
Desde então, tem sobrevivido com os direitos de sua autobiografia e organizando churrascos para turistas em visita ao Rio.
Os dois países vinham negociando o tratado há três anos. As negociações foram iniciadas em função de um impasse causado pela permanência do empresário Paulo César Farias, que se encontrava em Londres na época.

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