São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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MARKETING INÚTIL

O município de São Paulo atravessa uma crise financeira que tem prejudicado serviços básicos e essenciais -do atendimento à saúde à construção de galerias pluviais. Mesmo assim, o prefeito Celso Pitta (PPB) dobrou a verba destinada à publicidade, mediante o remanejamento de recursos de outras áreas.
O Orçamento previa, inicialmente, gastos de R$ 10 milhões com propaganda. Agora são R$ 20 milhões, valor suficiente para construir 33 Escolas Municipais de Educação Infantil.
O programa de construção, reforma e ampliação dos centros de abastecimento (os "sacolões") perdeu R$ 5 milhões, para dar um exemplo.
O novo valor para a publicidade é semelhante ao que foi gasto pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) em 1996, ano da eleição de Pitta, quando a catástrofe financeira da prefeitura ainda não havia se tornado pública.
O aumento de recursos na área publicitária contrasta com o abandono de obras fundamentais, principalmente na periferia da cidade, onde uma série de atividades foi suspensa em razão da dívida de curto prazo da prefeitura, no valor de R$ 1 bilhão.
Entre as obras interrompidas está a construção de pequenas galerias de águas pluviais, essenciais para a prevenção de enchentes.
Da dotação de R$ 2,57 milhões destinada a essa atividade, a prefeitura utilizou no primeiro semestre deste ano apenas R$ 7.700, ou 0,3%.
Na área da saúde, o município deve às cooperativas do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) R$ 60 milhões, e os R$ 500 milhões destinados ao programa no Orçamento se esgotam em meados de setembro.
Evidente que os R$ 10 milhões desviados para a publicidade não resolveriam a profunda crise financeira do município.
Mas é inadmissível que, cortando verbas em áreas tão essenciais, o prefeito Celso Pitta tenha optado por aumentar os recursos destinados à propaganda, como se o marketing bem feito pudesse ocultar ou minimizar os problemas da cidade.

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