São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Ensino pago é rejeitado por reitores

Eles discordam de estudo socioeconômico

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Reitores que assistiram ontem à apresentação da pesquisa sobre o perfil socioeconômico dos alunos de instituições federais de ensino superior, divulgada domingo pela Folha, repudiaram a idéia de introdução do ensino pago nessas universidades.
A pesquisa, feita pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis, ligado à Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior), constatou que 56% dos estudantes pertencem às classes A e B.
A classificação socioeconômica seguiu os critérios de soma de pontos relacionados ao grau de instrução do chefe de família e a itens de conforto familiar.
"A pesquisa mostra que é a classe média que está nas faculdades públicas, não a elite", disse Tomaz Aroldo da Mota Santos, reitor da Universidade Federal de Minas Gerais e presidente da Andifes.
Em termos de faixa salarial, 55% dos estudantes incluídos na classe A teriam renda familiar acima de 40 salários mínimos (R$ 4.480).
Na classe B, a 67% teriam renda entre 7 e 30 mínimos; na classe C, 69% da renda seria entre 3 e 15 mínimos; 74% da D teriam renda de 2 a 10 mínimos; na E, 80% ganhariam até 5 salários mínimos.
"A injustiça social não será corrigida cobrando mensalidade nas federais. Para democratizar o acesso, é preciso investir no ensino básico e no médio", afirmou Santos.
Ele afirmou que as instituições federais possuem um custo elevado (hospitais, pesquisas, pós-graduação) e o ensino pago constituiria uma fração minoritária do orçamento da universidade.
"Esses recursos poderiam ser conseguidos em outras formas de relacionamento com a sociedade, como a prestação de serviços e convênios com empresas."
Para Odilon Marcuzzo do Canto, reitor da Universidade Federal de Santa Maria (RS), seria difícil definir quem poderia ou não pagar a mensalidade.
"Como vamos apontar quem é da classe A ou da classe B e pode pagar a universidade? Vamos fazer pelo Imposto de Renda? O que essa mensalidade poderia produzir em termos de dinheiro não compensa nem os custos que seriam necessários para a operacionalização desse sistema."

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