São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Ar piora e setembro deve ter rodízio

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A piora na qualidade do ar na Grande São Paulo nos últimos dias deve estender o rodízio de veículos para o mês de setembro.
Durante o final de semana a Cetesb (agência ambiental paulista) registrou qualidade má na região de Congonhas (zona sul da capital) por monóxido de carbono (CO).
No sábado, também foi constatada qualidade má no centro de Santo André (região metropolitana de SP). O CO, produzido principalmente pelos carros, é o maior poluente combatido pelo rodízio.
Como não chove na capital desde o dia 9 de agosto e a previsão dos técnicos para os próximos dias é de condições desfavoráveis à dispersão de poluentes, o secretário do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, disse ontem que o rodízio deve continuar no mês de setembro.
"Se a poluição continuar assim, vamos ter rodízio em setembro", afirmou Feldmann. Mas, segundo ele, a decisão final só será anunciada na quarta-feira da próxima semana, pois é preciso analisar como estarão as condições atmosféricas.
A lei que instituiu o rodízio e o decreto regulamentado pelo governador Mário Covas autorizam o Executivo a implantar o rodízio até o final de setembro.
Caso o programa seja estendido, a ordem das placas deve mudar novamente -uma nova variação do chamado rodízio do rodízio.
Desse modo, não circulariam durante as terças-feiras carros com final de placa 9 e 0. Hoje, estão proibidos finais de placa 7 e 8.
A decisão de Feldmann também levará em consideração o comportamento da saúde da população em consequência da poluição.
Nesse final de semana, por exemplo, o número de atendimentos a casos de problemas respiratórios no pronto-socorro do Hospital das Clínicas subiu de uma média de 60 por dia para mais de 100 (leia texto na página 2).
"Nos últimos dias o ar esteve muito ruim. Imagine se não tivesse o rodízio", disse Feldmann.
Segundo o gerente de qualidade ambiental da Cetesb, Cláudio Alonso, a situação meteorológica dos últimos dias foi bastante desfavorável à dispersão dos poluentes.
Além do tempo seco, a velocidade média dos ventos esteve baixa. O fenômeno, chamado pelos técnicos de calmaria, permaneceu por 43% do tempo no domingo.
Na classificação da Cetesb, os ventos atingiram uma velocidade média de 1,3 -abaixo de 1,5 a situação já é considerada ruim.
A inversão térmica (fenômeno atmosférico que dificulta a dispersão dos poluentes) também foi considerada preocupante: 173 metros. "Nossas previsões são pessimistas", afirmou Alonso. "Devemos continuar com essas condições até a próxima quinta-feira, pelo menos", disse.
Segundo ele, o pior período para quem mora na região de Congonhas no final de semana foi entre as 15h de sábado e as 15h de domingo, quando a estação medidora da Cetesb registrou 16,7 partículas por milhão (ppm) de CO. A qualidade má é declarada quando o número de ppm ultrapassa 15.

LEIA MAIS sobre o rodízio de veículos na pág. 3-2.

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