São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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A reciclagem dará certo

ROBERTO T. DE OLIVEIRA

O cuidado com a preservação do meio ambiente virou sinônimo de solidariedade e de exercício da cidadania. Entre os vários indicadores deste fenômeno, está o apoio espontâneo da população à coleta seletiva de lixo e à reciclagem.
Diante deste quadro, por que a coleta seletiva de lixo ainda não está sendo usada pela maioria das prefeituras do país, a começar por São Paulo? Por que os produtos feitos com materiais reciclados não atingiram uma escala de mercado compatível com a abundância de matérias-primas?
Preocupadas com o tema, dez entidades do setor de embalagens apresentaram recentemente ao secretário estadual do Meio Ambiente, Fabio Feldmann, um diagnóstico e uma proposta para incentivar a reciclagem e a coleta seletiva de lixo no Estado.
Pela primeira vez, essas entidades deixaram de lado a disputa de mercado que ocorre entre as embalagens de plástico, vidro, lata, papelão e alumínio, para elaborar uma "proposta-cidadã".
O objetivo é contribuir para a despoluição dos rios e do solo, o descongestionamento dos lixões e aterros sanitários, estimulando-se o uso de produtos reciclados.
No diagnóstico, chegou-se ao consenso de que deve existir uma única política para a coleta seletiva e triagem dos tipos de embalagem. E que os objetivos dessa política serão atingidos se houver uma articulação entre a iniciativa privada, o governo estadual, os governos estaduais, as cooperativas de catadores e os sucateiros.
A proposta prevê estímulos aos municípios para implementarem coleta seletiva e centros de triagem de lixo; incentivos fiscais da União e do Estado para catadores e recicladores; campanhas do governo estadual e da sociedade civil para motivar a população; apoio aos catadores para ampliarem a ação de suas cooperativas; e desenvolvimento de mercado, por parte da indústria, para os produtos feitos com materiais reciclados.
A proposta foi bem recebida, e a indústria, convidada a participar do plano que a Secretaria do Meio Ambiente está elaborando para viabilizar a coleta seletiva e incentivar a reciclagem no Estado.
Para dar uma idéia do potencial da proposta, basta lembrar que, em 96, produziram-se no Brasil 2 bilhões de garrafas plásticas de PET, principalmente para refrigerantes. A expectativa para este ano é de um aumento de 50%.
A proposta aí está. Da parte da sociedade, existe muita motivação para implementá-la. Falta que Estados e prefeituras coordenem o esforço proposto, o que certamente exigirá muita vontade política.

Roberto Torres de Oliveira, 49, é presidente da Abepet (Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagens de PET).

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