São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC decidirá amanhã sobre rota dos juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central vai examinar amanhã se promove a retomada da política de queda gradual da taxa de juros, suspensa desde abril. Mas o assunto, que será analisado no Copom (Comitê de Política Monetária), é tratado com cautela.
A equipe econômica está avaliando quatro pontos para adotar uma decisão. Um deles é o comportamento da taxa de juros nos Estados Unidos -hoje haverá uma reunião do Fed (o banco central dos EUA) para definir a taxa.
Se o Fed elevar a taxa de juros nos Estados Unidos, o governo brasileiro não deverá retomar a trajetória de queda da TBC (Taxa Básica do Banco Central), que está fixada em 1,58% ao mês.
A TBC é o principal balizador dos juros no mercado financeiro.
A equipe econômica também tem dúvidas sobre a evolução da crise cambial no Sudeste Asiático. Esse foi um dos motivos para o adiamento da retomada da redução da TBC em julho, quando o assunto voltou a ser analisado.
Outra preocupação da equipe é o déficit no saldo da balança comercial do mês passado (US$ 811 milhões). A Folha apurou que era esperado um déficit menor. A partir de agora, o déficit tende a aumentar.
O quarto ponto em análise pelo governo é o comportamento da inflação neste semestre -previsão de 1% ao mês de agosto a dezembro. Com inflação muito baixa, o governo teria condições de reduzir a TBC.
A expectativa do mercado é que essa redução -caso aconteça- será apenas para sinalizar ao mercado o que o governo pretende fazer no próximo ano. Isto é, a trajetória de queda seria retomada.
Marcelo Allain, diretor do BMC, disse que uma das possibilidades seria reduzir a TBC de 1,58% para 1,56% em setembro. Isso não significaria, porém, que o governo estaria voltando a fazer reduções mensais, explicou.
Posse no BC
Amanhã Gustavo Franco toma posse como presidente do BC. Não se sabe ainda quem vai sucedê-lo como diretor de Assuntos Internacionais.
O economista Luiz Paulo Marinho Nunes, da trading alemã Toepfer, recusou o convite. Ele alegou motivos pessoais para não aceitar o cargo.
Comenta-se que o problema foi salarial, já que o BC paga bem menos que no setor privado. Depois que os funcionários do banco foram considerados funcionários públicos estatutários, o maior salário deve cair de R$ 12 mil para R$ 8 mil.
Oficialmente, não houve convite ao economista Demóstenes Madureira Pinho, do Unibanco.
Gustavo Franco também deve decidir quem substituirá Alkimar Moura na diretoria de Normas.

Texto Anterior: Cresce número de mulheres que obtêm 1º emprego após os 50
Próximo Texto: Associação de bancos cria índice para facilitar avaliação de fundos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.