São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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Reserva tem recorde, mas cobre menos importações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As reservas em dólares do Banco Central apresentam valores recordes, mas seu poder de fogo é menor hoje em virtude do crescimento das importações.
No mês passado, por exemplo, as reservas ficaram em US$ 60,331 bilhões, o equivalente a 12 meses de importações -segundo a média mensal das compras externas calculada pelo BC.
Bem antes do Plano Real, em dezembro de 92, as reservas eram de US$ 23,754 bilhões -menos da metade das atuais- e também eram suficientes para cobrir 12 meses de importações. Um ano depois, em dezembro de 93, as reservas de US$ 32,211 bilhões equivaliam a 15 meses de importações.
O critério de comparar as reservas com os volumes mensais de importação é utilizado pelo próprio BC para medir seu poderio.
É claro que 12 meses de importação é um patamar confortável para as reservas -pela legislação, o BC tem de conservar um volume mínimo suficiente para três meses de importações.
Mas a discussão principal entre os economistas é quanto à qualidade das reservas do BC -ou seja, que tipo de recursos externos permitem o crescimento da poupança em dólares do governo.
O Banco Central informa que as reservas cresceram quase US$ 3 bilhões neste mês, impulsionadas por investidores externos que participaram de leilões de estatais.
Desde 96, a privatização tem sido o principal meio de atração de dólares de "boa qualidade" -longo prazo- para as reservas.
Esgotado esse recurso, o país dependerá da recuperação dos superávits comerciais ou, na pior das hipóteses, do capital especulativo de curto prazo.

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