São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 1997
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A fome e a vontade de comer

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Enquanto o fantasma da derrota divide as esquerdas, a perspectiva de vitória atrai apoios para o candidato Fernando Henrique.
Hoje à noite, ele abre as portas do Alvorada para a turma do PPB. Foram convidados seis senadores, 79 deputados federais e todos os integrantes da Comissão Executiva Nacional.
Além de votos significativos no Congresso, o partido tem candidatos consideráveis aos governos de São Paulo, Santa Catarina, Maranhão, Rondônia e Roraima. Em Tocantins, é virtualmente imbatível.
Noves fora as encrencas com outros partidos governistas (especialmente em São Paulo e Maranhão), isso significa que o PPB vai ter bom palanque em todos esses Estados. Numa campanha presidencial, sempre ajuda.
Com Paulo Maluf praticamente fora do páreo nacional, FHC e pepebistas podem conversar sem embaraços.
É como juntar a fome do partido (por um candidato) com a vontade de Fernando Henrique (de comer o máximo de apoios em 98). Sem frango.
Apesar disso, o presidente preferiu um coquetel para hoje, em vez de jantar. Anfitrião e convidados não ficarão presos a mesas e poderão circular à vontade, trocar idéias e dar risadas em diferentes grupos, marcando presença mais individualmente.
Afora dois momentos muito tensos -a eleição para a Prefeitura de São Paulo e a votação da reeleição no Congresso-, as relações entre FHC e PPB têm sido boas e pragmáticas.
O PPB indicou Francisco Dornelles para o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Tem, ainda, a Conab e os Correios.
Em compensação, deu 50% dos seus votos para a reeleição, quando Maluf ainda era candidatíssimo ao Planalto, e costuma bater o PMDB na aprovação de outros temas menos transcendentais, mas também de interesse do governo.
A festinha de hoje não vai ser lá essas coisas, até porque FHC é tido como pão-duro, e a cozinha do Alvorada não chega a ser fantástica.
Mas já vai ser suficiente para matar a fome de um lado e de outro. A aliança para 98 vem aí.

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